ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Espanha em luta: Projeções de futuro |
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Autor | Mauro Luiz Rovai |
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Resumo Expandido | A proposta desta apresentação é esboçar uma breve comparação entre dois filmes, Espagne, 1936 (direção e montagem Jean Paul Le Chanois, com roteiro e produção de Luis Buñel, 1937, de orientação republicana) e España heroica (direção e argumento de Joaquín Reig-Gozalbes, 1938), dando mais ênfase, ao longo da análise, para a segunda produção, a do Lado nacional, considerada como uma das principais peças de propaganda dos sublevados realizada durante a Guerra Civil Espanhola (1936 – 1939). A abordagem pretende aproximar sociologia e cinema, e a principal referência metodológica é aquela proposta por Pierre Sorlin, no livro Sociologie du cinéma (1977). Segundo os estudiosos Rafael Rodrigues Tranche e Vicente Sánchez-Biosca, em El pasado es el destino (2011), España heroica, em muitos aspectos, aparece como uma resposta ao filme de 1937, Espagne, 1936 (também conhecido como España leal en armas), constituindo-se como, também na avaliação dos referidos autores, uma espécie de “filme acontecimento” do lado nacional, ou ainda, o “elo perdido” entre a produção falangista e as produções mais sistemáticas DNC (Departamento Nacional de Cinematografia, cuja atuação data de 1938). No entanto, mais do que uma resposta à produção republicana, España heroica é particularmente importante para as investigações voltadas para as aproximações entre cinema e sociologia por alguns aspectos que lhe deram fama. Dentre eles, por ser conhecido como um filme que, contando com imagens produzidas inclusive pelos “vermelhos” (imagens capturadas pelos sublevados durante os avanços do exército nacional sobre as cidades antes dominadas pelas tropas republicanas), utiliza-as de maneira a construir perspectivas próprias acerca de uma Espanha ideal, mobilizando elementos que projetam um passado (imperial), um presente (em guerra) e um futuro do país (no qual este aparece harmônico, assentado no binômio “paz e trabajo” e sob a liderança de um chefe). Por seu turno, em Espagne, 1936, realizado um ano antes, também é possível identificar uma perspectiva temporal a respeito do país, tornando a aproximação entre as duas obras a partir da questão em tela – a da construção de projeções de futuro acerca das Espanhas em luta – uma maneira de compreender os filmes como diferentes formulações de anseios e esperanças acerca da sociedade daquele momento. Nesse aspecto, em vez de tomar os filmes como peças de propaganda dos lados conflagrados durante a Guerra civil espanhola, a nossa proposta é, concebendo as realizações como “proposições sobre a sociedade”, buscar “compreender como tais proposições estão construídas” (Sorlin, 1977, p. 287). Além da montagem e da música, um dos elementos expressivos a serem explorados nas análises será a maneira como a ideia de trabalho (entendido provisoriamente, para os limites deste resumo, de modo amplo, isto é, como a atividade humana na realização de algo) aparece esteticamente construída. Ainda que a produção de 1937 não a traga verbalizada, diferente da de 1938, na qual encontramos várias referências ao tema, esse é um dos eixos que, talvez, durante a análise, permita-nos passar à discussão a respeito das projeções de futuro nos dois filmes. Em suma, o que buscamos não é saber como a sociedade é ou como o cinema a reflete, mas compreender como certos aspectos da vida social aparecem organizados, encenados e reordenados nesses diferentes conjuntos significativos. Caso a proposta seja selecionada, será necessário, para a apresentação, equipamento com acesso à internet. |
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