ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O audiovisual imersivo nas obras “The Visitor” e “Figuras na Paisagem” |
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Autor | Silas Seabra de Sousa |
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Resumo Expandido | Cinema de exposição? Pós-cinema? Outro cinema? Para começar, emprestam-se essas indagações de um cinema novo, ou, de um cinema heterogêneo, das reflexões de Philippe Dubois (2009). Segundo o autor, pelo menos desde a década de 90, verifica-se uma “invasão” do cinema e de sua forma dentro de circuitos artísticos como exposições em galerias e museus, espaços que, historicamente, exibem obras de outras linguagens artísticas como as artes plásticas. Assim, pode-se refletir sobre as imbricações que transformam esses lugares em novos receptáculos de exibição, suscitando uma transformação do processo fílmico, tanto em sua forma quanto em sua recepção. Dentre essas transformações, destaca-se nessa pesquisa, as variações do aparato cinematográfico a partir da maior inserção da tecnologia digital dentro do processo de produção e exibição das obras. A sua emergência foi absorvida dentro do campo da arte e alterou de forma significativa, por exemplo, a base técnica dos aparatos de mediação (BAIO, 2015) das obras artísticas, favorecendo, além de um hibridismo mais orgânico entre diferentes linguagens, novas possibilidades de criação com aparatos que mediam a experiência do espectador potencializando a sua participação. Nesse sentido, destaca-se e analisa-se duas obras que trabalham dentro desse cinema heterogêneo que une videoinstalação, imersão virtual e interatividade. A primeira, chamada The Visitor: Living by Numbers (2001), do videoartista Luc Courchesne, é uma videoinstalação realizada por um aparato em formato de domo, no meio da sala de exibição. Ao adentrar o espaço, o visitante recebe algumas instruções: 1) entrar no domo e ajustar a sua altura; 2) quando uma sequência fílmica terminar, falar um número entre um e doze, sendo que cada número corresponde a um destino ou interação mediada. A seguir, o receptor/espectador é virtualmente inserido em um vilarejo do interior do Japão, onde irá interagir com paisagens e personagens. Explorar o território, entrar nos espaços, conhecer e lidar com os habitantes e ser aceito (ou não) dentro da comunidade vai definir a experiência imersiva do visitante a partir das suas escolhas. A segunda obra, Figuras na Paisagem, do artista e pesquisador André Parente, é uma videoinstalação interativa que convida o espectador a adentrar em um ambiente imersivo ao utilizar um aparato tecnológico chamado Visorama, semelhante a um binóculo. O dispositivo insere o usuário em dois ambientes panorâmicos virtuais - a histórica biblioteca do Real Gabinete Português de Leitura e uma praia. Ambos no Rio de Janeiro -, criados por um software, contendo narrativas próprias que são formadas por fotografia, vídeo, sons e diálogos sincronizados com os dois espaços, além de uma narração poética e reflexiva que dialoga com cada um deles. Cada uma descreve a presença de um personagem-leitor nas suas proximidades, com o qual o espectador se identifica. A partir da análise desses dois trabalhos cinematográficos expostos em museus e galerias de arte, esse estudo compreendeu que o advento das novas tecnologias digitais dentro do processo de criação de novas obras artísticas imersivas cria não apenas inovações no campo técnico, mas, principalmente, os converte em agentes de transformação na recepção e percepção de quem o consome, absorvendo e criando novas relações com aquilo que é posto diante do espectador. |
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Bibliografia | ALY, Natália. Desdobramentos contemporâneos do cinema experimental. Revista Digital de Tecnologias Cognitivas: TECCOGS, ed. 6, p. 60-93, janeiro/junho 2012. |