ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Festa do catálogo: mídias físicas, tecnostalgias e descartabilidade |
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Autor | Talitha Gomes Ferraz |
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Coautor | Sabrina dos Santos Monteiro |
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Resumo Expandido | Este trabalho tem como intuito analisar – à luz das noções de “tecnostalgia” (MENKE, 2017; SANTA CRUZ e FERRAZ, 2018) e “descartabilidade das mídias” (SCHREY, 2014) – recentes interações entre colecionadores e consumidores de mídias físicas (DVD e Blu-ray) e o mercado de distribuição de filmes disponibilizados em discos ópticos, que, em geral, se destinam tecnologicamente à entrega de média e alta definições de imagem e som. Nossa pesquisa se circunscreve, em especial, a um episódio ocorrido em 2020, no Brasil, conhecido pelos adeptos ao consumo e guarda de mídias físicas audiovisuais como “a festa do catálogo”. Lançamentos de filmes inéditos e relançamento de filmes antigos; críticas em relação aos interesses de produtoras e distribuidoras na comercialização de mídias físicas; pressões de comunidades de fãs cinéfilos nas redes sociais pela reaparição de filmes de difícil acesso; engajamento entre o público de home video e pequenas distribuidoras nichadas etc. estavam entre os componentes desta “festa” em torno das figuras do DVD e do Blu-ray. Tudo isso ocorreu em um cenário pandêmico de crise sanitária e isolamento social, que deu margem para movimentações mais ativas de oferta e procura ligadas ao mercado de filmes em DVD e Blu-ray. Tal ensejo parece ter reforçado algumas dinâmicas de usabilidade, reencantamento e operações nostalgizantes relacionados à curadoria fetichizada e à (re)inserção de mídias físicas nas práticas cotidianas de espectadores domésticos. Em meio a processos de descontinuação tecnológica e sociotécnica de dispositivos do cinema e audiovisual ao longo do tempo, às apostas políticas e econômicas na programação de obsolescências e à (ainda) atual dominação das plataformas de streaming, DVDs e Blu-rays são apreciados como objetos de desejo para videotecas privadas de colecionadores. A nostalgia, mais especificamente, a tecnostalgia, procede como um aspecto mediador e redentor entre o perdido/ descartado e o preservado/ reintegrado (FERRAZ, 2020). A posse de mídias físicas, neste sentido, pode lidar também com toda uma realidade de comodificação de produtos midiáticos que se valorizam monetariamente e afetivamente na era de um capitalismo cujo molde recorre ao manejo, à captura e à provocação de experiências, cognições e subjetividades. A nostalgia é facilmente aderida a intencionalidades do capital que, ao mesmo tempo, descarta dispositivos (em face de vertiginosas atualizações dos fluxos tecnocomunicacionais) e ergue valores de raridade para artefatos do multiverso midiático. Assim, por um eixo teórico-metodológico pautado pela análise de postagens realizadas nas páginas dos grupos do Facebook Fora de Catálogo, Blog do Jotacê e Curtindo Filmes Adoidado, e pelas lentes da arqueologia das mídias, das micro-histórias da exibição audiovisual e seus públicos, indagaremos o contexto da “festa do catálogo”, buscando perceber como práticas e discursos colecionistas e de consumo de DVDs e Blu-rays são atravessadas por tecnostalgias e heterogêneses que operam concomitantemente frequências de descartabilidade e sentidos hauntológicos de dispositivos midiático-sociotécnicos. |
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Bibliografia | FERRAZ, T. Disciplina Nostalgias, Cinema e Audiovisual – PPGCine-UFF. Módulo 4 - A tecnostalgia nos contextos de dispositivos, espectatorialidades, imagens e estéticas do cinema e audiovisual. Canal do PPGCine-UFF. Youtube, 25 nov. 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=TCQOwogXA78&list=PL1Xl3veWj3wtvybvdrkvbJWGedrxxKu45&index=4 . Acesso: 17 maio 2022. |