ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Olmo e a Gaivota: Retrato de uma gestante distanciada do mundo |
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Autor | Ana Catarina Pereira |
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Resumo Expandido | A proposta de comunicação que aqui apresento consiste em analisar a obra de Petra Costa, uma jovem mulher-cineasta, brasileira, partindo de determinados princípios: a existência contemporânea de um cinema documental e autobiográfico, realizado em muito por mulheres, que tem sinalizado importantes traços de diferença e singularidade; são dele exemplos, para além de Petra Costa, cineastas portugueas e brasileiras como Leonor Teles, Margarida Leitão, Catarina Mourão, Maria Clara Escobar, entre outras. O percurso trazido aqui parte de duas fontes essenciais: 1) o pensamento de Petra Costa, expresso verbalmente em um pequeno memorial intitulado “Pecado Original” e também em entrevistas (em vídeo ou publicadas por escrito); 2) os resultados estilísticos da recente e ainda não muito extensa filmografia da realizadora e, em particular, da obra Olmo e a gaivota. Ainda que não muito extensa, a obra de Petra Costa é impactante e tem tido uma vasta repercussão internacional. Olmo e a Gaivota (2015) sucede Elena (2012) e antecede Democracia em Vertigem (2019), intermediando o tríptico da escrita de si, do registo diarístico de uma cineasta que filma como quem se vê ao espelho. A “alternância entre o eu e o outro, o estar aqui e simultaneamente alhures, o falar de si para falar do mundo, ou falar do mundo para dizer de si ”, que Marília Rocha Siqueira compendia. A “escrita cinematográfica de inflexão ensaística ” que Roberta Veiga atenta no princípio de tudo: em Varda, em Akerman, em Kawase. Olmo e a gaivota centra-se no dia-a-dia de uma atriz gestante, que se vê imobilizada aquando da sua gravidez. Pelo filme, híbrido entre ficção e documental, perpassam os pensamentos e atos desta mulher que se torna incubadora de um novo ser, enquanto revive toda a sua existência como mulher cosmopolita, corpo de inúmeras personagens anteriormente encenadas por si, no teatro. Os diálogos entre Petra e Olivia desvendam comentários, autocríticas, caminhos a seguir na própria obra que se vai construindo em conjunto. Contêm, também eles, os principais elementos da filmografia da documentarista brasileira: a colagem dos filmes de família, o palimpsesto, a recusa do olhar do outro, o filme como questionamento, a inscrição na obra, o colocar-se em cena. A metodologia é a busca, e o filme que se vai realizando. |
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Bibliografia | Lejeune, P. (2008). O Pacto Autobiográfico: de Rousseau à Internet. Belo Horizonte: Editora da UFMG. |