ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Filhas de Lilith – Autoidentificação como forma de transgressão |
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Autor | Ana Isabel Soares |
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Coautor | Claudia Maria Azevedo Nascimento Clemente |
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Resumo Expandido | Ao longo da História, inúmeras foram as mulheres que exploraram – por meios igualmente numerosos – a sua própria identidade através da autorreflexão. Em alguns casos, o processo é literal e passa por um auto-reflexo, por verem-se ao espelho e mostrarem-se nesse ato de íntima introspeção. Trata-se, aliás, de uma introspeção que passa por uma exteriorização, através da criação da imagem dupla e invertida. As artes da fotografia e do cinema prestam-se particularmente a este exercício e um dos seus exemplos mais fascinantes encontra-se nas fotografias de Virginia Oldoini, Condessa de Castiglione (1837-1899), que se fez representar por várias vezes em frente a espelhos. Olhar de frente para a câmara é uma ousadia – quando uma mulher o faz (no caso, durante a segunda metade do século XIX), desafia as expectativas sociais, opera como que uma transgressão. Revela-se, a si mesma se revelando, quantas vezes de olhos fixados na câmara e instigando a curiosidade de quem observa, para lá da imagem. Na série fotográfica “Playing with Myself” (2010-), a artista Cláudia Clemente apresenta aquilo que descreve como um “conjunto de encenações aparentemente simples recorrendo a uma multiplicidade de personagens: desde clássicos do Cinema [...] até ilustres figuras históricas”, revisita “ícones da cultura tradicional portuguesa (a varina, o galo de Barcelos)” e passa por outros tópicos universais em que revê a sua identificação simultaneamente como observadora e observada. A naturalidade de si como objeto fotografado contrasta com o fingimento, a fabricação assumida em cada imagem da série que acompanha Cláudia Clemente ao longo da vida – ela é sempre a menina que, em frente ao espelho, experimenta modelos diferentes e encena personagens que não deixam de ser ela mesma. O que resulta, enquanto autoimagem, desta sucessiva auto-carnavalização? Em suma, olhando-se ao espelho, literal ou metaforicamente, as obras que retratam a Condessa de Castiglione e Cláudia Clemente ajudam-nos a buscar pistas teóricas para compreender o processo de autoimagem e da realização de documentários autobiográficos por mulheres. |
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Bibliografia | Bolton, Lucy. Film and Female Consciousness: Irigaray, Cinema and Thinking Women. New York: Palgrave Mcmillan, 2011. |