ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Documentário Fantástico: Distopia do real através de tropos de gênero |
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Autor | Filippo Pitanga Goytacaz Cavalheiro |
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Resumo Expandido | A partir da experiência prática na curadoria de longas-metragens há quatro edições no Cinefantasy – International Fantasy Film Festival, tanto de filmes de ficção quanto documentais, que gerou a Mostra Especial de Documentários Fantásticos, e do presente estímulo estético para que os documentários abarcassem cada vez mais tropos do cinema ficcional de gênero, de modo a conseguir lidar com a distopia contemporânea, a presente pesquisa busca analisar criticamente como esse momento artístico estaria propondo uma remontagem da imaginação histórico-política para refabular novas perspectivas. Na atualidade, o apocalipse virou o acontecimento presente, e o documentário como modo de representação deste acontecimento necessitou pegar emprestadas outras ferramentas da ficção para poder abarcar tais narrativas do absurdo verídico. E, numa época de desmantelamento de políticas públicas voltadas para a cultura e educação, é imprescindível colocarmos as distopias e pesadelos de volta nas telas, e contar as narrativas em olhares plurais a partir de um campo onde possamos rever e tentar superar nossos traumas, no caso, o cinema. Filmes de todas as regiões do Brasil, como de nossa 12ª edição, onde o proponente passa a coassinar a direção do Festival, e convidamos para participar da curadoria de documentários a documentarista e crítica Flávia Guerra, em diálogo conjunto. Vide o exemplo do vencedor “Açucena”, do soteropolitano Isaac Donato, retratando uma senhora de 67 anos que todo ano celebra seu aniversário de 7 anos (metáfora ainda mais poderosa a partir da pandemia em relação à memória e ao delírio e refabulação de si no confinamento), sem falar na música de suspense para denunciar a intolerância que personagens colaterais ainda possuem a religiões de matriz africana e herança quilombola. Ou mesmo, em tempos de queimadas e agropecuária predatória, outro exemplar e menção honrosa da mesma edição, “Nuhu Yãg Mu Yõg Hãm: Essa Terra é Nossa!”, de Isael Maxakali, Sueli Maxakali, Carolina Canguçu e Roberto Romero, que se utiliza de animações, além de live action, e montagem simbólica e dialética para reconfigurar a tabula referencial do país pela perspectiva dos povos originários, onde o céu, rios e a terra são encantados em conjunto com a ancestralidade indígena de forma atemporal. Propomos analisar o que reuniria a estética desta filmografia documental em torno de um guarda-chuva do conceito ampliado do gênero fantástico, seja por causa de sua linguagem inserida num contexto sociopolítico kafkaniano ou, ao mesmo tempo, a partir de um repertório de ferramentas cinematográficas tidas como típicas da ficção (exemplificados em apresentação com slides e cenas dos respectivos filmes). Iremos refletir como o escopo do fantástico ampliado pela própria realidade, na lógica da cosmologia e autoralidade interna a estas obras como filmes, pode ser crucial pra compreender a produção de sentido, e de que forma a narrativa cinematográfica pode ressignificar o olhar sobre o documento histórico através da montagem e da refabulação de perspectivas plurais (DIDI-HUBERMAN, 2021) – algo tantas vezes distorcido pela atualidade distópica e aterrorizante que se tornou o tempo em que vivemos. Por questões orçamentárias e em razão do próprio mestrado cuja banca de defesa está marcada para novembro, requer-se a participação em sessão pré-constituída de forma remota e em mesa temática com assunto concernente e de interesse comungado. |
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Bibliografia | BALTAR, Mariana. Realidade Lacrimosa. Niterói: Eduff, 2019. |