ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Figuras traçadas com os dedos: aproximação ao desejo lésbico no cinema |
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Autor | Ramayana Lira de Sousa |
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Resumo Expandido | Em 2016 a SOCINE recebe uma primeira tentativa de construção de um espaço que pudesse acolher os esparsos trabalhos sobre questões de gênero, feministas e queer: o ST Cinema Queer e Feminista. O ST surgiu com o objetivo de promover o debate e a provocação, a promoção e o apoio aos estudos históricos, teóricos e críticos que exploram as problemáticas queer e feminista. Nos encontros da Socine já se notava um número significativo de apresentações que partem de abordagens queer e feministas e o ST aparecia como oportunidade para consolidar esse campo. Já em 2018 o ST Mulheres no Cinema e Audiovisual emerge como novo ponto nodal para as discussões, agora com uma inflexão mais voltada às questões relativas às mulheres e ao feminismo. Dois anos depois, em uma reformulação da proposta, o ST se intitularia Cinemas Mundiais entre Mulheres: Feminismos Contemporâneos em Perspectiva. Percebe-se, pois, que há uma preocupação em construir a afirmar um campo complexo mas de grande interesse dentro da SOCINE. Uma das questões emergentes, nesse contexto, é a que diz respeito ao cinema lésbico e ao desejo lésbico no cinema e no audiovisual. As abordagens teórico-metodológicas das lesbiandades representam uma área particularmente complexa e rica do estudo do cinema feminista, repleta de debates substanciais. Surgem questões, por exemplo, sobre a definição do que seja um filme lésbico, bem como a relação entre filmes lésbicos e aqueles que se concentram em outras formas de vínculo entre as mulheres, como amizades femininas, relacionamentos mãe-filha e irmandade. Ou ainda, como os filmes lésbicos podem ser tanto retratos ambíguos quanto narrativas abertamente lésbicas; filmes narrativos industriais ou formas independentes e/ou de vanguarda; histórias que repisam o trauma da saída do armário ou reafirmação das identidades e comunidades lésbicas. Além disso, cabe teorizar sobre o desafio que esses filmes representam para o status quo patriarcal e cisheterossexista. Em uma polêmica teórica mais recente, questiona-se a afiliação das perspectivas lésbicas ao feminismo ou às abordagens queer, ou seja, se a ênfase maior deveria recair sobre problemas de sexualidade e não de gênero. A complexa rede de conceitos e abordagens que constituem o encontro da teoria do cinema com as perspectivas lésbicas parece estar voltada à afirmação da diferença da subjetividade lésbica e seu potencial de disrupção política e estética. Este proposta procura exatamente mapear e discutir como se tem encaminhado esse debate dentro da SOCINE, seja nos trabalhos apresentados nos últimos 10 anos (nos diversos formatos admitidos nos Encontros), seja nas publicações apoiadas pela entidade. O recorte temporal de uma década permite abranger os períodos imediatamente anterior à estruturação dos Sts que discutem o cinema lésbico e suas ramificações e possibilitam algum tipo de avaliação sobre os contornos que os estudos lésbicos podem ter adquirido nesse período. Trata-se de uma mirada panorâmica que, em um segundo momento, busca traçar as linhas de força do pensamento em construção, salientando os principais nós temáticos, teórico-metodológicos, estéticos e políticos que podem apontar para a consolidação de um campo de estudos. |
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Bibliografia | FREEMAN, E. Time binds: queer temporalities, queer histories. Durham: Duke Univer- sity Press, 2010. |