ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | A expansão do teatro em Jacques Rivette e Andrea Tonacci |
|
Autor | Maria Leite Chiaretti |
|
Resumo Expandido | Out 1 e Jouez encore são atravessados por questões semelhantes entre as quais gostaria de destacar: a dimensão do cinema direto, o protagonismo do trabalho dos atores e o surgimento do happening como forma artística e a presença teatral. Os dois filmes compartilham o fato de terem sido prejudicados pela ausência de distribuição; complexificam o jogo dos atores ao diluírem as fronteiros entre documentário/ficção e são pontos de inflexão nas carreiras dos cineastas; e são retratos exemplares de momentos políticos pelos quais França e Brasil atravessavam naquele momento. Os dois filmes foram realizados sob encomenda e tiveram uma circulação restrita até muito recentemente. Originalmente "Out 1" foi encomendado por um canal de televisão francês (O.R.T.F.) que quando da entrega recusou o material devido à longa duração. "Jouez encore" é fruto de uma encomenda da produtora teatral Ruth Escobar que convidou Tonacci para registrar ensaios, bastidores e apresentações da peça Autos Sacramentais, texto clássico de Calderón de La Barca, feita sob a direção de Victor Garcia, que contou com atores como Sérgio Britto, Antonio Pitanga, Dionísio Azevedo, Jura Otero e Vera Manhães no elenco. Em "Out 1", Rivette dá um passo à frente em relação ao que havia feito antes e transforma os mecanismos da ficção e da narrativa em um jogo que ele é responsável por coordenar - por meio de um esquema que estabelece previamente apenas os encontros entre os personagens (basicamente atores de teatro) - e reunir blocos de improvisação teatrais em uma montagem engenhosa. Em "Jouez encore", Tonacci documenta a explosão de uma crise nos bastidores da montagem da peça “Autos Sacramentais”. Em seus experimentos estéticos, cada filme inventa, a seu modo, novas regras em que o jogo entre ficção e documentário é construído a partir de uma engenhosa combinação de artifício e honestidade. A presença dos corpos e gestos dos atores, que ocupam o ponto nodal em ambos os filmes, deve-se a uma fisicalidade do aqui e agora inerente ao universo do teatro. A comunicação pretende comparar os filmes ressaltando a originalidade da relação de cinema e teatro de um lado, os modos de comentar o período histórico pós-68, no Brasil e na França, de outro. |
|
Bibliografia | . ARMAS, M.; CHESSEL, L. (ed.). Jaques Rivette - Textes critiques, Paris: Post éditions, 2018. |