ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | A posição relacional na espectatorialidade fílmica |
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Autor | Regina Lucia Gomes Souza e Silva |
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Resumo Expandido | É manifesto a ênfase dada, no universo cinematográfico, aos estudos dos filmes, das instituições, dos dispositivos, do aparato cinematográfico e também ao campo da autoria. Ou seja, os filmes e seus autores historicamente ganharam protagonismo no campo cinematográfico e, podemos dizer, que somente a partir dos anos de 1970 cresce o interesse por aquele que efetivamente experimenta o filme, o espectador. Embora Robert Stam (2003) acertadamente nos chame atenção para o fato de que os primeiros teóricos como Mitry, Mustenberg e Einsenstein já discutiam as operações realizadas na esfera mental do espectador, e a importância da montagem para o processo de recepção dos filmes, esses estudos foram abafados por muitas décadas. Na verdade, o espectador cinematográfico sempre foi aceito como um ponto secundário, visto com certo desinteresse, no máximo como estatística, tendo em vista que boa parte da teoria, ora privilegiava a obra e seu poder estético e ideológico, ora o autor e seus traços estilísticos. Aqui o paradigma continuaria a ser o do espetáculo que cria o espectador, e não o oposto. Por outro lado, creio que essa dificuldade inicial levou a que pesquisas sobre a recepção e a espectatorialidade brotassem num salutar campo multidisciplinar com investigações oriundas da fenomenologia da percepção, da semiologia, da psicanálise, da sociologia, da história, dos estudos textualistas e contextualistas, cognitivistas e mais recentemente dos estudos culturais considerando o caráter ativo da atividade espectatorial (BAMBA, 2013). Há que se destacar a influência dos estudos literários para a formação de uma teoria da recepção no cinema (o interesse pelo espectador é paralelo à mudança em direção ao leitor na crítica literária, sobretudo com os estudos da chamada Estética da Recepção) Proponho, nesta comunicação, iluminar a noção de espectatorialidade, a partir do que chamo de aspecto relacional da experiência do filme com o espectador, o prazer (ou desprazer) dela derivado e, em como essa experiência perdura para além das telas de cinema, seguindo a pista deixada por Judith Mayne (1993) em seu livro Cinema and spectatorship. Importa saber quais elementos devem ser considerados nesta experiência em que o outro (a) é imprescindível. Vale dizer que pensamos nesses elementos como complementares, ou seja, todos atuam de forma a definir o aspecto relacional da espectatorialidade. São eles: as instituições; os dispositivos; o contexto; as práticas culturais; as subjetividades; o prazer/desejo; o fora da tela e, por fim, mas não menos importante, o corpo (ELSAESSER; HAGENER, 2018). A proposta é a de pensar em como as posições ocupadas pelo espectador são constituídas por relações fragmentadas e atravessadas por todos esses elementos. Enfim, a ideia de relação como ponto central da espectatorialidade pressupõe um conceito historicamente movente em que vários elementos devem ser considerados, recorrendo a saberes de áreas transversais, mas que têm em comum o poder de atribuição de sentido ao filme. |
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Bibliografia | BAMBA, Mahomed. Teorias da recepção cinematográfica ou teorias da espectatorialidade fílmicas? In: A recepção cinematográfica: teorias e estudos de casos; |