ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Poéticas da montagem entre 360°, realidade virtual e live performances |
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Autor | Caio Victor da Silva Brito |
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Coautor | MILENA SZAFIR |
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Resumo Expandido | Dentre as diferentes conceituações para a realidade virtual (VR), levando em consideração a sua transdisciplinaridade (TORI; HOUNSELL, 2020), propomos aqui trabalharmos através de sua potencialidade artística: a montagem nas arqueologias de imersão (GRAU, 2004; ELSAESSER, 2018). Ou seja, propomos apresentar em 2022 - junto ao seminário temático de montagem da SOCINE - um diálogo sobre este processo de edição na live performance online “3(D)ef-f-ectffect? - Designing an AV Glitch Performance as the Post-pandemic Future” (2021), realizada pelo Coletivo Intervalos e Ritmos (#ir!/Projet'ares Audiovisuais/ PPGARTES/UFC) - www.projetares.art.br - a partir de composições esféricas (MERINO, 2019) realizadas nos moldes dos processos de criação referentes desde as vanguardas artísticas do século XX à máxima atual de quando a montagem cinematográfica se torna design (SZAFIR, 2018). Sendo o plano uma célula (ou molécula) de montagem, Eisenstein (2002) conceituou mise-en-cadre como o pensamento criativo por trás da composição de um plano, como “a composição pictórica de quadros mutuamente independentes em uma sequência de montagem”. Quando fazemos uma transição para a mídia VR, passamos a trabalhar não mais com o plano bidimensional e sim com um plano 3D, desenhado ao esférico em 360°. Com isso, passamos a compreender o conceito de mise-en-cadre (EISENSTEIN, 2016) frente à montagem espacial (MANOVICH, 2001). Dessa forma, nós passamos a pensar na composição do plano esférico por outra ótica: a da disposição das imagens e dos elementos visuais no espaço por uma lógica da adição e da coexistência, já que essas imagens projetam-se por distintos contrapontos visuais durante a exibição da obra - onde é então o tempo que se torna espacializado. Se a grande responsável pelos recortes de visão em torno do espaço do plano esférico é uma interatividade do olhar do espectador - a montagem final e a forma que a obra será exibida passam a não mais ser do artista criador -, como se dá a poética de montagem para obras em VR? Durante nossa fala, apresentaremos o arsenal tecnológico (softwares opensource ou freeware) e o conceitual que utilizamos, visando auferir um valor teórico-prático/ prático-teórico à área de montagem (impossibilitando, portanto, tal binarismo excludente). Ou seja, explanação desde os gestos de montagem (SZAFIR, 2014) quanto à sensação de profundidade de campo e de perspectiva, rodeando audiovisualmente esse participador, entre afastamentos e aproximações. Dessa forma, ainda, estimulamos o espectador a também se mover junto com o vídeo e a interagir com a sua totalidade esférica - instaurando uma outra esfera da montagem, de uma corporalidade audiovisual, ao adentrar nesse grande jogo de visualizações infinitas instaurado entre a mídia em 360° e as possibilidades na edição/ montagem, permitindo vivenciar a obra explorando-a espacialmente, e não mais apenas temporalmente. Nosso trabalho busca evidenciar, assim, um outro olhar para a produção imersiva em realidade virtual: menos pelo viés da técnica como inovação e mais por um olhar das suas potencialidades poético-estéticas - uma artesania que joga com as possibilidades criativas utilizando dispositivos e softwares de acesso democratizado. A montagem como base de expansão à criação audiovisual para VR, incentivando o seu uso por mais realizadores e artistas. Ou seja, partimos das problemáticas quanto à edição audiovisual para obras em realidade virtual (VR) e então nos vimos imersos nas poéticas da montagem tanto em 360° quanto em live performance às realidades virtuais. Assim, no encontro SOCINE 2022 propomos abrirmos o processo de criação de “3(D)ef-f-ectffect? - Design’ing an AV Glitch Performance as the Post-pandemic Future", do Coletivo Intervalos e Ritmos (#ir!/Projet'ares Audiovisuais/PPGARTES/ICA/UFC), conforme apresentado do Ceará/BR à África do Sul, de 2020 a 2021: a mise-en-cadre em estéticas neo-midiáticas. |
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Bibliografia | ELSAESSER. Cinema como arqueologia das mídias. Sesc, 2018. |