ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Pós-memória e trauma colonial em Um animal amarelo |
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Autor | Paulo Cunha |
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Resumo Expandido | Com Um animal amarelo, o realizador brasileiro Felipe Bragança propõe uma “fantasia surreal tropicalista-antropofágica” que reivindica abertamente a herança do escritor Mário de Andrade e do movimento modernista brasileiro. Nas palavras do próprio cineasta, Um animal amarelo é um filme “transatlântico, transgénero, transcultural”, uma “reflexão sobre os imaginários da identidade”, acompanhando, entre o Rio de Janeiro (Brasil), a Beira (Moçambique) e Lisboa (Portugal). O papel do trauma nas memórias e discursos coletivos e na formação de identidades tem vindo a ser crescentemente reconhecida e valorizada nos estudos fílmicos, em particular nos contextos pós-colonial, interseccional e ecocrítico. Ainda que reivindique uma influência de Mário de Andrade, Um animal amarelo oferece uma oportunidade de trabalhar questões transnacionais e transculturais que tenho vindo a trabalhar no contexto das relações entre países com experiências coloniais comuns mas temporal e espacialmente particulares, como é o caso de Brasil, Portugal e Moçambique. Com o argumento de Bragança (N. Rio de Janeiro, 1980) e João Nicolau (N. Lisboa, 1975), diretor e roteirista português, e coprodução de Duas Mariola Filmes (Brasil) e O som e a fúria (Portugal), pretendo interrogar se Um animal amarelo reforça um discurso de negação ou normalização sobre o passado colonial ou se, de certa forma, pode contribuir para uma consciencialização e responsabilização coletiva, assim como para redefinir configurações de poder e de conhecimento. O objetivo desta proposta é fazer uma leitura multidisciplinar deste filme de coprodução luso-brasileira a partir das abordagens trabalhadas nos estudos acerca da pós-memória (Hirsch) e do trauma (Andermahr, Kilomba), procurando compreender as complexas relações entre indivíduos, comunidades, e as relações de poder e de opressão. Interessa-me ainda refletir esta obra enquanto manifestação de trauma nos contextos local, nacional e transnacional. |
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Bibliografia | Andermahr, Sonya (2015). “Decolonizing Trauma Studies: Trauma and Postcolonialism”. Humanities, 4(4), 500-505. |