ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O que aprender com os cinemas indígenas para fazer cinema na escola |
|
Autor | WAGNER SANTOS DE BARROS |
|
Resumo Expandido | Propomos pesquisar a relação entre cinema indígena e educação, a partir da análise de experiências de produção cinematográfica indígena, desde a abertura democrática na década de 1980 até a década de 2020, como o projeto Vídeo nas Aldeias, experiências de produção de coletivos indígenas e outros semelhantes, e as possíveis trilhas de diálogo a ser construídas com experiências de produção de cinema documentário com estudantes de escolas de ensino fundamental regulares da Rede Municipal de Educação de Angra dos Reis. Interessa investigar as potências existentes no cinema contemporâneo realizado por cineastas-professores indígenas para refletir e desenvolver experiências de cinema na escola, através de concepções, posturas, métodos e procedimentos presentes em suas obras e reflexões. Em um segundo momento, se possível, interessará também contrapor essas experiências a outras experiências de cinema na escola, permitindo uma compreensão de potências comuns, intersecções que ajudem a desenhar um campo de saberes e práticas estética e pedagogicamente significativas. A pesquisa está se desenvolvendo dentro do curso de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PPGE/UFRJ, sob orientação da Profa. Dra. Adriana Mabel Fresquet, com in´[icio em 2021. Pretendemos dirigir nossa atenção para as possibilidades e potências que emergem da prática do cinema na educação, e em especial do cinema documental, em suas diferentes dimensões criativas, na exibição e análise de obras e na produção de filmes. Ousamos até aventar que há características específicas da produção contemporânea de cinema documental que podem indicar procedimentos e aberturas importantes para o desenvolvimento das potências do cinema em práticas possíveis de serem realizadas nas escolas (LINS,2004, 2008, 2019. TEIXEIRA, 2004). A opção pelo cinema documentário, como um formato privilegiado na prática escolar, se coloca devido a nossa compreensão de que este possui especificidades que podem potencializar a experiência de fazer cinema e as abordagens voltadas para a compreensão da realidade e dos universos onde estão inseridas as comunidades escolares. A escolha do cinema documental não é arbitrária. Buscamos nos aproximar daquilo que nessa forma de cinema pode ser cartografado como pontos de intersecção entre diferentes práticas que se estabelecem a partir da aproximação com o outro, pela imagem e/ou pela palavra, e pela formação de um campo de interação dinâmico entre estudantes e professores que possibilite a emergência do novo e do inesperado. Dentro do universo de produção documentária no Brasil, a opção pelo cinema indígena se deu pela pertinência e importância política e cultural da produção nessa esfera nos últimos quarenta anos, na reelaboração permanente das identidades dos povos indígenas em sua resistência e proposição de relações menos danosas a partir do contato com os ‘brancos’, e pela multiplicidade de relações que essa produção guarda com a educação, tanto dos povos indígenas como para a reflexão sobre a educação pública como um todo. Situamos nossa pesquisa em relação ao cinema indígena a partir da década de 1980 por compreender que foi nessa década que houve uma presença mais marcante do cinema e do vídeo como estratégias de resistência e fortalecimento cultural dos povos indígenas, devido a uma série de fatores, tais como o processo de redemocratização e de elaboração da constituição de 1988 e a facilidade de filmagem e edição a partir do uso de tecnologias mais acessíveis e portáteis. Através da pesquisa pretendemos também atender de forma significativa à demanda de aplicação das leis 11465/08 e 13006/14, que tratam da presença do ensino sobre as culturas indígenas e da exibição de cinema nacional nas escolas e a formação de estratégias para suas implementações. |
|
Bibliografia | ALVARENGA, C. Da cena do contato ao inacabamento da história: Os últimos isolados, Corumbiara e Os Arara. Salvador, EdUFBA, 2017. |