ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Antônio Pitanga: a persona revolucionária no Cinema Novo |
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Autor | Carolinne Mendes da Silva |
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Resumo Expandido | A apresentação baseia-se na análise fílmica de cinco filmes relacionados ao Cinema Novo brasileiro e, mais especificamente, na análise das personagens vividas pelo ator Antônio Pitanga nesses filmes: Pitanga em Bahia de Todos os Santos (José Trigueirinho Netto, 1960), Chico Diabo em A Grande Feira (Roberto Pires, 1961), Firmino em Barravento (Glauber Rocha, 1961), Antão em Ganga Zumba (Carlos Diegues, 1964) e Calunga em A Grande Cidade (Carlos Diegues, 1966). Procuramos demonstrar como a persona de Antonio Pitanga se compôs enquanto representação do “homem novo”, ou seja, de um sujeito revolucionário, representante do povo brasileiro, que o Cinema Novo vislumbrou. Sua figura desponta, filme a filme, pautando um sentimento de inconformismo. Esse sentimento o destaca de uma massa apática, frequentemente formada por membros que não possuem uma consciência e, muito menos, um imperativo de reagir diante da situação em que se vive. Nas análises fílmicas, observamos como as categorias de classe, raça e gênero se intercruzam. O povo brasileiro foi frequentemente representado como negro e pobre por esse movimento cinematográfico, como se essas duas condições fossem coincidentes. Em relação ao gênero, que há marcas significativas na distinção das mulheres negras pobres e dos homens negros pobres personagens desse cinema. A persona de Pitanga como o homem revolucionário encarna também a masculinidade como uma condição necessária para essa consciência que conclama os outros à luta. A masculinidade negra é então associada à virilidade, à coragem, à potência e à pulsão de transformar o mundo. Imbuído dessa tarefa, da qual seu coletivo depende, esse homem negro não consegue se dedicar ao amor e sua companheira mostra-se incapaz de compreender a necessidade primeira da revolução, já que é impossível amar dignamente na miséria. Concluímos que ainda que o Cinema Novo tenha construído a imagem de um “homem novo” a partir da persona de Pitanga, “imagens velhas” sobre a população negra também foram veiculadas pelo movimento. Por “imagens velhas” nos referimos, por exemplo, a uma visão do negro como exótico e à sexualização, em diferente chave, de mulheres e homens negros. De qualquer forma, a persona Pitanga nos revela que o Cinema Novo não se reduziu a esquemas arquetípicos sobre a população negra. Há uma complexidade, e mesmo uma ambiguidade, na forma como esses cineastas brancos procuraram valorizar uma determinada negritude e aspectos do que reconheciam como sua cultura (o samba, a capoeira e o candomblé, por exemplo). Todavia, nem sempre foram capazes de reconhecer que suas visões sobre essa negritude ainda eram limitadas por um ponto de vista externo que as restringia de alguma forma. |
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Bibliografia | CARVALHO, Noel dos Santos. Cinema e representação racial: o cinema negro de Zózimo |