ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Mulheres negras e o QuilomboCinema |
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Autor | tatiana a c costa |
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Resumo Expandido | O que fazem as mulheres negras no cinema? As provocações desta proposição derivam da atual pesquisa para doutoramento, “O Cinema Negro Brasileiro e seus corpos-ficção: Identidade e fabulações afro-diaspóricas em curtas-metragens contemporâneos dirigidos por pessoas autodeclaradas negras”, em curso no PPGCom/UFMG. Examino um conjunto de filmes em curta-metragem realizados nos últimos cinco anos, em cotejo com os recentes longas dirigidos por mulheres negras e lançados a partir de 2017. Janaina Oliveira apontava, em 2016, o “protagonismo feminino no cenário contemporâneo das produções audiovisuais negras”, trazendo curtas-metragens lançados em 2015 no contexto de uma trajetória da presença negra no cinema brasileiro desde os anos 1960. Oliveira apontava, naquele momento, o “florescimento de uma geração que tem fortes possibilidades de alterar, de um modo geral, o status atual das representações da população negra no audiovisual, e das mulheres negras de forma específica”. Para além das questões de representação e representatividade, o que as jovens mulheres negras apresentavam era uma possibilidade de existência com e no cinema. Para compreender o recente fenômeno da contundente presença negra no cinema brasileiro contemporâneo, recorro ao conceito de quilombo, como proposto por Maria Beatriz Nascimento (2018) e articulo a noção de QuilomboCinema para dar conta de um conjunto interconectado de pessoas negras que se influenciam direta ou indiretamente na realização de filmes, na crítica, na pesquisa, na curadoria, na organização de mostras, festivais e outras formas de circulação e em articulações políticas. A noção de quilombo encarna, num pensamento sobre cinema, o que essa forma de resistência traz, segundo Nascimento, de “instrumento ideológico”, um “símbolo de resistência” que, no campo do ativismo e das práticas artísticas, “fornece material para a ficção participativa”. Parte do cinema feito por mulheres negras na contemporaneidade organiza-se em proposições/fabulações críticas (HARTMAN, 2021) que desenham caminhos de fuga de um “cativeiro estético” e apresentam formas de existência com e nas imagens. Formas fílmicas e formas de trabalho que evidenciam um cinema em pretuguês, negritado pelo pensamento escurecido do feminismo negro. Olhares opositores (hooks, 2018) que promovem articulações de uma gramática da futuridade feminista negra (CAMPT, 2017) para se firmar como uma existência com e nas imagens e sons para além dos “cativeiros estéticos” [1]. Nota: [1] Fala de Cíntia Guedes na mesa “Corpos Adiante: performatividade e corpos-fição no cinema”, do Seminário do Cinema Brasileiro na 22a Mostra de Cinema de Tiradentes. Tiradentes, 26 de janeiro de 2019. |
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Bibliografia | CAMPT, Tina M. Listening to Images. Durham: Duke University Press Books, |