ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O ataque de Jujuba: rastros do imaginário kaiju no cinema brasileiro |
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Autor | Rodolfo Stancki |
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Resumo Expandido | Em Zoando na TV (1999), Ulisses, interpretado por Márcio Garcia, é levado por Lana Love, Danielle Winits, a um cenário com prédios de papelão. É uma cidade em miniatura, estranha ao personagem do filme de José Alvarenga Jr. Enquanto o herói, agora um gigante numa metrópole falsa, tenta entender onde está, no fundo da cena aparece um monstro determinado a destruí-lo. Produzida e estrelada por Angélica, a popular comédia da Globo Filmes mostrava as aventuras de um casal que interagia com o imaginário televisivo dos anos 90 no Brasil. Estavam ali referências a programas de auditórios, seriados médicos e telenovelas, entre outros. A cena descrita acima fazia referência às narrativas de monstros gigantes da televisão e do cinema japonês. Há, ali, um indício de que as imagens dos filmes kaiju eram percebidas e poderiam até mesmo ser recriadas pela filmografia brasileira. O presente trabalho traz os resultados de uma pesquisa, ainda em fase exploratória, que busca identificar referências ao imaginário kaiju no cinema nacional. A reprodução de ideias, elementos e imagens da produção cinematográfica estrangeira faz parte da lógica da nossa filmografia desde o início do século XX. Bernadette Lyra (2007, p. 144) aponta que o pioneiro Afonso Segreto, que praticamente inaugurou os registros com câmeras no país, já criava filmes de olho nas tendências do que fazia sucesso lá fora. Referenciar, parodiar ou homenagear o que vinha dos Estados Unidos e da Europa tornou-se um hábito para os realizadores brasileiros. Isso ocorreu com os musicais (LYRA, 2007), com as ficções científicas (SUPPIA, 2006), com os faroestes (PEREIRA, 2002) e com o horror (CÁNEPA, 2008). Essa intertextualidade com o cinema estrangeiro caracteriza também as referências ao imaginário kaiju pelas obras nacionais. Jujuba, o réptil gigante de Zoando na TV serve de exemplo de como essas narrativas se conectam no imaginário materializado pela tela. A caracterização do monstro - na fantasia, nos gestos e no cenário - reproduz, mesmo que sem intenção, o que se vê em títulos como Godzilla (1954), Mothra, a Deusa Selvagem (1961) e Gamera (1965), entre tantos outros. Os pesquisadores Sean Rhoads e Brooke McCorkle definem o gênero daikaijū eiga como filmes japoneses de monstros gigantes (2018, p. 1). A obra inaugural seria Godzilla (1954), de Ishirô Honda, que traria as características básicas desse imaginário: uma criatura de enormes proporções destruindo edificações construídas por seres humanos. Embora o conceito de um cinema kaiju tenha origem documentada no Japão da década de 1950, esse tipo de produção foi um fenômeno global - antes e depois de Godzilla. Jason Barr (2016) afirma que produções com monstros gigantes existiam desde a era do cinema mudo. Não por acaso, o próprio autor enquadra obras ocidentais como King Kong (1933), O Monstro do Mar (1953) e Gorgo (1961) como parte do mesmo gênero. O cinema brasileiro não tem tradição de produzir narrativas e imagens kaijus, como o Japão e os Estados Unidos. Uma metodologia para o levantamento de títulos que acionem o imaginário de grandes criaturas que destroem construções humanas precisa ser constituída de maneira exploratória, assistindo a filmes de diferentes períodos e características. Inicialmente, são identificados apenas cinco longas-metragens em live action que se enquadram nessa definição. Seriam eles: Costinha e o King Mong (1977), de Alcino Diniz; O Trapalhão na Arca de Noé (1983), de Del Rangel; o já citado Zoando na TV (1999), de José Alvarenga Jr; e Mar Negro (2013) e A Mata Negra (2018), ambos de Rodrigo Aragão. Vale destacar também o curta-metragem O Solitário Ataque de Vorgon (2010), de Caio D’Andrea. É importante salientar que a presença dos monstros gigantes na filmografia nacional são apenas índices de que existe uma intertextualidade com o imaginário do cinema kaiju. Identificá-los nos ajuda a entender como as fitas brasileiras lidam com imagens que são mais recorrentes nos filmes estrangeiros. |
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Bibliografia | BARR, Jason. The Kaiju Film: A Critical Study of Cinema’s Biggest Monsters.Carolina do Norte: McFarland & Company, 2016. |