ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Olhares dos velhos e dos jovens: diálogos na Terra Indígena Xakriabá |
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Autor | Clarisse Maria Castro de Alvarenga |
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Resumo Expandido | O processo formativo audiovisual que realizamos nos anos de 2019 a 2021 não se encaixa no que os não indígenas conhecem como “cinema indígena” ou “cinema Xakriabá”. Antes de se tornar um produto ou ter seus processos de aprendizagem sistematizados, o cinema simplesmente permite aprender a conectar. Essas conexões são entre os corpos, suas experiências sensíveis, sua percepção tátil e o território. Essa é a “tecnologia” que interessa, essa é a conexão mais importante de ser aprendida. Nos filmes realizados por professoras e professores e nas imagens fotográficas e nos vídeos realizados pelos jovens, podemos notar a permanência dessa conexão entre os corpos e o território de diferentes ponto de vista. Nos filmes realizados pelos professores encontramos a busca pelos conhecimentos que cercam o nascer, o luto e pelos conhecimentos das narrativas tradicionais contadas nas situações de encontro entre os mais velhos. Nos trabalhos dos mais jovens, entre um longo travelling feito de bicicleta a partir de casa até a casa da avó, no reconto de uma narrativa tradicional feita de uma criança para outra, ambos sentados no chão, nas várias caminhadas pelo barro e nas gravações de plantas e animais, como porcos e galinhas, surge um outro olhar, diferente dos adultos, mas igualmente voltado para a experiência sensível do contato com o território. O diálogo entre o olhar dos mais velhos e o olhar dos mais novos aponta um caminho de encontro que passa pela experiência sensível na relação com o território. Se as experiências dos mais velhos e dos mais novos são diferentes, elas se encontram nas imagens ao apresentarem suas percepções direcionadas para aquilo que os une: o território. O processo de realização da imagem pode, assim, aguçar os sentidos, favorecendo a percepção do território e do conhecimento tradicional por parte de quem a realiza. Ao final, a imagem resulta como uma evidência, que mostra essa conexão e funciona como uma prova de que o saber foi aprendido, porque a experiência sensível de cada um aparece. |
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Bibliografia | ALVARENGA, Clarisse. Aprender com imagens. Belo Horizonte: Laboratório de Práticas Audiovisuais, Faculdade de Educação, 2022. |