ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Feminilidade como valor? Homens héteros femininos no neo-noir |
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Autor | Fernando Mascarello |
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Resumo Expandido | Uma das características do noir clássico, de aparição entre as décadas de 1940 e 1950, foi sua tematização do embate entre homens e mulheres, no contexto do empoderamento feminino de pós-guerra nos EUA. Estudos como os de Krutnik (1991) e os reunidos no livro de Kaplan (1998) são hoje clássicos da análise das representações de homens e mulheres na filmografia noir. Embora esses pesquisadores tenham-se dividido, inicialmente, a respeito dos sentidos ideológicos daqueles filmes, hoje é opinião majoritária que, muito embora encenando o ressentimento e a vingança do masculino fragilizado, a maior parte desses filmes terminava por construir uma crítica, habitualmente pouco consciente e explícita, às masculinidades hegemônicas. Dependendo do olhar do espectador e do crítico, o noir podia constituir-se, portanto, em instrumento de denúncia ou, ao menos, desnudamento da ideologia patriarcal. Ainda assim, é também mais ou menos consensual que, na imensa maioria da filmografia noir clássica, as diferentes formas de feminização dos protagonistas homens héteros eram fundamentalmente repudiadas, isto é, representadas como fragilidade ou mesmo patologia. Além de tantas outras diferenças entre a filmografia noir clássica e a contemporânea, de ocorrência a partir dos anos 1970 (o neo-noir), destacam-se, no interior da vertente mais progressista e minoritária do neo-noir, ocasionais representações mais afirmativas da feminização de protagonistas homens heterossexuais. Essa valorização da feminilidade nos homens héteros marca presença de diferentes formas – metrossexualidade, parentalidade mais maternal, comportamentos sexuais mais femininos etc. Neste trabalho, exploro algumas variantes dessa espécie de representação, contrastando-as com o habitual repúdio à feminilidade que define a maior parte das filmografias noir e neo-noir. Além das obras já mencionadas de Krutnik (1991) e Kaplan (1998), recorro à historiografia dos estudos noir, com foco sobre a sua análise das representações do feminino e do masculino – como, por exemplo, em Naremore (2008), Short (2019) e Luhr (2012). Também são mobilizados conceitos da psicanálise não-falocêntrica e dos estudos dos homens e das masculinidades, como, por exemplo, Bleichmar (2006) e Fogel (2006); e Heasley (2005) e Butler (2003). |
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Bibliografia | BLEICHMAR, Silvia. Paradojas de la sexualidad masculina. Buenos Aires: Paidós, 2006. |