ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | O estilo de Waldemar Noya: mais de 40 anos dedicados à montagem cinema |
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Autor | Elianne Ivo Barroso |
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Resumo Expandido | Waldemar Noya (conhecido por Didi) foi um dos mais produtivos montadores brasileiros. Morreu em 1986 e pouco se sabe a respeito dele. Segundo L.A. Ramos (2012), autor do verbete dedicado ao montador na Enciclopédia do Cinema Brasileiro, “(...) é uma das figuras mais obscuras do cinema brasileiro” (p. 517). Isto porque não há registro de relatos sobre sua atividade profissional. Em pesquisa realizada na Filmografia Brasileira online, o nome dele aparece citado em mais de 90 títulos, sempre associado à montagem dos filmes, diferente dos seus contemporâneos dos anos 1940 que circulavam pelas funções do cinema até se definir por uma carreira. Assim foi Rafael Justo Valverde que conheceu Noya na Atlântida Cinematográfica já que os dois trabalharam por lá. É sabido que Valverde iniciou no cinema como mecânico de laboratório na própria Atlântida (Filme Cultura, n 20, 1972) e, só mais tarde, em 1948, montou o primeiro filme. Na visão de Autran (2005), até a década de 1950, com raras exceções, havia pouca ousadia na montagem dos filmes brasileiros sempre muito atrelados à linguagem clássica. Nesta época e por conta de novas companhias cinematográficas (Vera Cruz e Maristela), foram contratados montadores estrangeiros como o croata Oswald Hafenrichter com experiência para ampliar as possibilidades de montagem e contribuir para a profissionalização da área. No entanto o autor reconhece: "Paralelamente, alguns brasileiros começaram a se especializar e a atuar de maneira definida no setor, merecendo destaque os nomes de Waldemar Noya e Rafael Valverde, ambos formados na Atlântida (...). Trata-se, sem dúvida, da geração que estabeleceu profissionalmente a atividade do montador de cinema entre nós e que contribuiu para a elevação da qualidade técnica e do refinamento artístico da montagem" (idem). Waldemar Noya, pertencendo a uma primeira geração brasileira dedicada ao ofício da montagem cinematográfica, aparece pela primeira vez nos créditos desempenhando a função no filme “Moleque Tião” de 1943 dirigido por José Carlos Burle. Este último era sócio da Atlântida junto com Moacyr Fenelon com quem Noya também firmaria parceria. Na Atlântida, Watson Macedo é outro colaborador que realizaria “Este mundo é um pandeiro” (1947) e “Carnaval no fogo” (1949). Na mesma companhia, trabalhou com Carlos Manga, que foi seu assistente de montagem em Areias escaldantes (1951) de J.B.Tanko. Manga (RAMOS e MIRANDA, 2012) era tributário de Didi principalmente pela destreza em montar e pela fluidez das cenas, fossem elas de ação ou de comédia musical. Depois que saiu da Atlântida em 1962, continuou exercendo a função de montador principalmente com Tanko e criou novas parcerias, destaque para o argentino-brasileiro Carlos Hugo Christensen e os irmãos Roberto Farias e Reginaldo Farias. Para entender o que chamamos marcas de montagem de Noya, analisaremos quatro filmes produzidos ao longo da carreira do montador. A proposta é encontrar na operação técnica do cutting (Amiel, 2010) que “consiste em cortar, e depois colar os pedaços de película (ou mais recentemente em manipular os cursores dos computadores para montar virtualmente, escolhendo os pontos de corte)”(p.9) momentos de criação. A ideia então é encontrar recorrências ou inovações que façam jus à montagem de Noya e a sua dedicação de mais de 40 anos dedicados ao cinema brasileiro. O primeiro filme é ''Somos irmãos'' (1949) de Burle. Trata-se de um drama sobre um homem que adota quatro crianças das quais duas são pretas e que, na vida adulta, acabam vítimas de preconceito. O segund é “Aviso aos navegantes'' (1950), uma comédia musical estrelada por Grande Otelo e Oscarito com direção de Watson Macedo. “Crônica de uma cidade amada” (1965) é a terceira obra, realizada por Christensen sobre o Rio de Janeiro . O quarto é Aguenta coração (1984) de Reginaldo Faria. Aborda a história de dois amigos que filmam um crime na rua e a vida deles muda a partir deste fato. |
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Bibliografia | AMIEL, V. Estética da montagem. Lisboa: Texto & Grafia, 2010. |