ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | "The Heart Part 5": deepfake e masculinidades negras nas Américas |
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Autor | Maria Amália Borges Cursino de Freitas Arruda |
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Resumo Expandido | Kendrick Lamar, em “The Heart Part 5”, oferece sua perspectiva lírica-narrativa, oferecendo o próprio corpo enquanto simulacro de masculinidades negras em suas diversas manifestações subjetivas, traduzindo o largo espectro de representações de homens negros diante de suas complexas diferenças, bem como de seus destinos comuns, desde o norte rasgando até o sul deste continente, onde o mais longevo projeto brancocrático é o de ser moinho de gente preta. De Guerreiro Ramos a Rolf Malungo de Souza, passando por Frantz Fanon e Achille Mbembe, dentre tantos outros intelectuais e autores que se debruçam em reflexões que atravessam a flecha do tempo, desde o mais nefasto evento contra a humanidade, o sequestro atlântico, mais conhecido como tráfico negreiro; passando pelo período de intensas tensões por liberdade, tanto nos Estados Unidos da América quanto no Brasil - último país do hemisfério ocidental a abolir a escravização de mulheres, homens e crianças negros; chegando ao período pós-abolição: Jim Crow e Direitos Civis, nos EUA / Movimento Abolicionista e Movimento(s) Negro(s), no Brasil e; o colonialismo técnico-molecular, o necro-neoliberalismo ditando o ritmo da manutenção, da cristalização das estereotipias e imaginários construídos para (des)qualificar e localizar desfavoravelmente os corpos de homens negros nas Américas, inclusive sob o ponto de vista do racismo algorítmico na contemporaneidade, em que homens negros não são lidos com a devida acuidade pelas fórmulas de identificação facial, como em vídeos de câmeras de segurança; além dos equívocos encarcerantes e mortíferos produzidos pelos “racismos analógicos” – fotos 3x4 que surgem tal qual geração espontânea em delegacias de polícia ou retratos falados e identificação visual racialmente assimétricos, que homogeinizam rostos e corpos entendidos como não dignos de justiça ou humanidade enquanto vivem seus cotidianos. O audiovisual, em chave decolonial, descolonizadora e afrofuturista, como no videoclipe objeto de análise deste painel, se propõe a escancarar portais dentro, fora e além das telas, com a ideia de (re)invenção do mundo em que se reverberem as potências de deslocamento, legitimação e restituição das individualidades e coletividades negras masculinas através das imagens e das técnicas digitais que (inter)mediam a noção de tempo, espaço e verdade. |
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Bibliografia | FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas / Frantz Fanon ; tradução de Renato da Silveira. Salvador : EDUFBA, 2008. |