ISBN: 978-65-86495-05-8
Título | Da cena da justiça à cena da palavra: cinema e testemunho |
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Autor | Ilana Feldman |
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Resumo Expandido | O julgamento do oficial nazista Adolph Eichmann em Israel, em 1961, inaugura, segundo a historiadora Annette Wieviorka, uma “era da testemunha” em países como França, Estados Unidos e Israel, quando o testemunho, sobretudo aquele decorrente de genocídios perpetrados por crimes de Estado, passa a reivindicar um lugar privilegiado no espaço público e na formação das identidades individuais e nacionais. Disparador nos sobreviventes de um desejo ardente, e bastante novo, de testemunhar e narrar o que fora vivido nos campos de extermínio nazistas (lembremos que o silêncio, a vergonha e a culpa daqueles que voltaram dos campos da morte predominavam), o processo Eichmann contribuiu, de maneira incontornável, para o aparecimento de uma nova paisagem mnemônica no âmbito dos mídia, da cultura e da política. Com o processo Eichmann, sabemos, pela primeira vez um julgamento torna-se objeto de pedagogia, transmissão e construção de uma memória coletiva. Pela primeira vez, nos conta com detalhes Annette Wieviorka e a historiadora das imagens Sylvie Lindeperg, um julgamento, com meses de duração, é integralmente filmado e difundido em redes de televisão internacionais. Esta comunicação pretende retomar a assombrosa história dessa filmagem para, em cotejo com diversas repercussões no campo do cinema e do debate filosófico, problematizar o estatuto sempre paradoxal do testemunho, sua dimensão cênica e a passagem da cena da justiça à cena da palavra. A partir da reflexão sobre a presença dos arquivos, ou a ausência deles, em filmes como “Un spécialiste” (Eyal Sivan, França, 1999), “Memories of the Eichmann Trial” (David Perlov, Israel, 1979), “Shoah” (Claude Lanzmann, França, 1985) e “Hannah Arendt” (Margarethe von Trotta, Alemanha, 2012), pretendemos avaliar qual o lugar do testemunho hoje, em um contexto em que distintas violências de Estado nos convocam a abrir os olhos para a violência do mundo inscrita nas imagens. |
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Bibliografia | ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. |