ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | O estrangeirismo na cinematografia brasileira: carisma, estilo e criaç |
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Autor | Aline de Caldas Costa dos Santos |
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Resumo Expandido | O trabalho estende a discussão sobre o estrangeirismo na cinematografia brasileira - fenômeno que resulta da confluência entre profissionais estrangeiros e as oportunidades de realização cinematográfica no Brasil - sob a ótica da versão revista do conceito sociológico de carisma (SILVA, 2019), tomando como recorte a trajetória de Barbara Alvarez. A chegada de mão de obra estrangeira impulsionou o campo da cinematografia brasileira de diferentes formas, em diferentes períodos. Ela representou o ingresso de bagagem técnica e artística no Brasil em busca de espaço e público para o cinema – mas não só de entretenimento, e sim de um cinema experimental. À reunião desses insumos externos com as condições de produção e receptividade encontradas aqui chamei “estrangeirismo” por ocasião do MOVI – I Encontro Brasileiro de Fotografia em Movimento (COSTA, 2021). Em um esforço para aprofundar a discussão, proponho relacionar o “estrangeirismo” ao “carisma” (SILVA, 2019), acompanhando a maneira como essas parcerias legitimam relações sociais na forma de coletivos com uma conjuntura política demarcada, transbordando nos modos de fazer cinematográficos (BORDWELL; THOMPSOM, 2013; BROWN, 2012; MASCELLI, 2010). Como recorte, o estudo abordará a participação da diretora de fotografia Barbara Alvarez na cinematografia brasileira. Barbara Alvarez é uruguaia e mora no brasil desde 2013. Integrou as equipes de seis longas brasileiros: O Gorila (José Eduardo Belmonte, 2012), Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015), Mãe só há uma (Anna Muylaert, 2016), O animal cordial (Gabriela Amaral Almeida, 2017), A sombra do pai (Gabriela Amaral Almeida, 2018) e A febre (Maya Da-Rin, 2019). É membro da Sociedad de Cinematografía del Uruguay (SCU). A discussão proposta abarca, a respeito do carisma, sua integração ao Coletivo de mulheres e pessoas transgênero do departamento de fotografia do cinema brasileiro (DAFB) em lugar de associações de classe com mais tempo de existência, mas menor representatividade junto às profissionais da cinematografia no país. A respeito do estrangeirismo, a discussão destaca o traço estilístico da fotografia de Barbara Alvarez tomando como exemplo os filmes Que horas ela volta? (Anna Muylaert, 2015) e A febre (Maya Da-Rin, 2019). Na ausência de escolas de cinema no Brasil até os anos 60, somados ao fato de que estas se concentram, majoritariamente, em grandes centros, os cineastas nacionais tinham duas opções de formação: estudar fora do país ou aprender pelo exercício do ver e experimentar. Por outro lado, cineastas de outros países sentiram os impactos da ausência de mercados de trabalho independentes ou abertos à experimentação (CHARLONE, 2020; COSTA, 2021). Assim, cineastas estrangeiros migraram para o Brasil trazendo tecnologias e projetos de filmagem para realização em um território receptivo. Boa parte da produção nacional de cinema foi e ainda é resultado de trocas entre brasileiros sedentos por criar e estrangeiros em busca de espaço para criação. Sobre essas trocas, que se estabelecem quando da sintonia com valores éticos e posicionamentos políticos específicos, emana o fomento à organização de outras entidades para além das mais antigas, ao que aplica-se, nesse estudo, o conceito de carisma. |
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Bibliografia | BORDWELL, D.; THOMPSOM, K. A arte do Cinema: uma introdução. UNICAMP; EDUSP. 2013. |