ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Do fotojornalismo à cinematografia |
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Autor | Matheus José Pessoa de Andrade |
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Resumo Expandido | Diversos foram os caminhos percorridos por profissionais da direção de fotografia na busca de se capacitarem para o exercício da profissão. Tratam-se de trajetos de formação feitos através de cursos de graduação e pós-graduação, escolas livres de cinema, oficinas, workshops, cursos online, projetos de arte educação e educomunicação, herança de conhecimento familiar, destreza com a fotografia estática, vivências artísticas, estudos autônomos, trabalhos em produções audiovisuais, entre outros. Uma diversidade de percursos que se entrecruzam e que são, frequentemente, descritos como vias de qualificação profissional em cinematografia no Brasil, como percebemos, por exemplo, nos perfis do dicionário de fotógrafos do cinema brasileiro (SILVA, 2010). É nessa encruzilhada que nosso objetivo é analisar o fotojornalismo como um desses caminhos de formação em cinematografia, a partir de relatos presentes em três podcasts, cujos entrevistados são profissionais da direção de fotografia: Carol Quintanilha (2020), Gui Machado (2019) e Michel Gomes (2020). Em comum, eles são formados em jornalismo e falam de suas experiências no fotojornalismo, considerando-as como importantes para o trabalho que desenvolvem atualmente como diretora e diretores de fotografia. Vale salientar que o bacharelado de jornalismo é, ainda hoje, o de maior quantitativo entre os cursos da área de comunicação nas IES do Brasil. O fenômeno se deu a partir da década de 1970, quando houve um crescimento exponencial desses cursos no país devido a implantação, em 1969, da obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão (AQUINO, 2021). Por isso, até o final da década de 1990, considerando que os cursos de cinema e audiovisual eram poucos no país, jornalismo era também uma das únicas opções de formação em nível de graduação para uma geração de pessoas que buscavam qualificação superior para trabalhar na área de cinema e audiovisual, especificamente por terem componentes curriculares relacionados à fotografia, ao audiovisual e ao cinema em seus fluxogramas. Nesse campo, o fotojornalismo é entendido como uma atividade fotográfica atrelada ao fazer jornalístico e que, por isso, carrega consigo características específicas de sua práxis (BUITONI, 2011). É, portanto, uma área de atuação para o egresso de jornalismo, na qual se vivencia o fazer fotográfico em diversas circunstâncias com a finalidade de noticiar acontecimentos. Diante do exposto, reconhecemos alguns aspectos elencados pelos profissionais de cinematografia deste estudo, pontualmente, quando versam sobre suas trajetórias de formação e suas experiências com o fotojornalismo, tais como: a escolha por jornalismo para a capacitação no campo das imagens técnicas, a descoberta da fotografia durante o bacharelado em jornalismo, o aprendizado da técnica fotográfica, a formação do olhar para o exercício da direção de fotografia, a tecnologia como facilitadora do percurso até a cinematografia, a compreensão da imagem enquanto documento, o contato com o acontecimento, o exercício de síntese visual do fato, a percepção da luz do cotidiano e o uso dela para construir narrativas a fim de se comunicar. Tais aspectos revelam, para nós, características desse caminho de formação, do fotojornalismo à cinematografia, podendo, assim, serem tomadas como pontos elementares que auxiliam no desenvolvimento da habilidade para o exercício da direção de fotografia. |
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Bibliografia | ABC (podcast): O retorno às filmagens de documentários com Carol Quintanilha e Caue Angeli. São Paulo: ABC, 12 out. 2020. |