ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Análise comparada de "A Inocente Face do Terror": entre livro e filme |
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Autor | Marco Antônio Bonatelli Torres |
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Resumo Expandido | A apresentação discute através de que meios o romance "A inocente face do terror" ("The Other", 1971), de Thomas Tryon, e sua adaptação homônima em longa-metragem, de Robert Mulligan (1972), conjugam os elementos "Mal” e “inocência” no cerne de suas narrativas, que se tornaram influentes tanto no campo da literatura quanto no do cinema (HENDRIX, 2017, p. 22 e 23). Levando em conta as representações do Diabo e da criança feitas por cada autor, a construção da fala primeiro se volta para como tais elementos podem ser observados no caso dessas obras em específico, e depois cuida de demonstrar de que maneira esses tipos se diferenciam de outros produzidos no mesmo período histórico, visto que a abordagem foi recorrente em outros marcos do gênero: "A Profecia" ("The Omen"), filme de Richard Donner e romance de David Seltzer (ambos de 1976); "O Bebê de Rosemary" ("Rosemary's Baby"), filme de Roman Polanski (1968) e romance de Ira Levin (1967); e "O Exorcista" ("The Exorcist"), filme de William Friedkin (1973) e romance de Willian Peter Blatty (1971), por exemplo. Metodologicamente, além da leitura comparada entre livro e filme, estudos historiográficos são considerados e debatidos, como "Paperbacks from Hell: the twisted history of the '70 and '80s horror fiction" (2017), de Grady Hendrix, pois a área auxilia na compreensão geral do poder disruptivo de "A inocente face do terror". E esse exercício se faz relevante porque, já nos livros, Seltzer, Levin e Blatty apresentam seus demônios como seres que, embora paranormais, existem objetivamente nos cosmos em que suas narrativas se passam e, portanto, se caracterizam como seres extraordinários em um mundo ordinário. O Mal, levando-se em conta as particularidades de cada obra, passa a ser canalizado, portanto, por uma figura central: a do monstro. Já nos objetos de análise em pauta, a noção de Mal surge como resultado de uma disfunção psicológica de seu protagonista, Niles. Ainda menino, ele perde seu gêmeo em um acidente trágico e, sendo muito solitário, dá vida a uma cópia mimética de Holland (seu irmão) para suprimir sua dor. Contudo, como a cópia se trata de uma idealização falseada, por mais que seja inspirada em memórias que possui, acaba por representar apenas fragmentos do real - e se prova mais um extravaso diante do medo e em negação ao fato concreto da morte. Niles, dessa forma e incentivado por sua família, aceita esse outro imagético como parte objetiva de seu mundo. Deve-se destacar que o garoto, sempre que não tem esse ser por perto, se porta como uma criança boa e gentil e assim é visto e tratado por todos, mas enlouquece com o tempo e se torna um homicida por conta de sua presença. Um exemplo da qualidade dessa adaptação, que tomou suas liberdades para traduzir texto escrito em obra audiovisual, é que, no livro, há uma passagem na qual Niles invade uma tenda de atrações macabras influenciado por Holland; Mulligan, porém, dá toda uma significância diferente para essa cena, que acontece em um parque de diversões. O garoto, em sua versão, está segurando um algodão doce nesse momento e, imageticamente, o diretor traduz a virada do personagem da inocência para o Mal a partir do abandono do signo de inocência em questão: para que possa se aventurar dentro da barraca, ele precisa se agachar e encosta de forma involuntária o alimento no chão, jogando-o fora. Com isso, traduz um elemento intrapessoal do livro (descrito em primeira pessoa) para extra pessoal, ou seja: a partir da relação direta entre os personagens Niles e Holland, inocência e Mal, evoca-se o tema principal do longa. Quando a historiografia propõe que a "A inocente face do terror" se tronara ponto virada para o gênero a que pertence, constituindo, assim, o início de uma duradoura tradição no horror (HENDRIX, 2017, p. 19 e 20), esta análise evidencia um dos motivos para isso: o trabalho de adaptação que não buscou mimetizar de maneira simplista o romance, mas deu um passo além e trouxe a visão artística do diretor. |
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Bibliografia | A INOCENTE Face do Terror. Direção de Robert Mulligan. Produção de Robert Mulligan. Estados Unidos: Benchmark, Rem e Twentieth Century Fox, 1972. 1 DVD (108min.). |