ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | A retórica sobre o cinema nacional nos textos de Merten |
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Autor | Gilmar Adolfo Hermes |
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Resumo Expandido | Em análises semióticas de doze reportagens do crítico de cinema Luiz Carlos Merten, publicadas no jornal O Estado de S. Paulo, entre os anos de 2018 e 2019, observa-se os procedimentos retóricos do jornalista, nos signos que revelam como o autor estabelece formas de identificação com o público leitor. Essas características foram analisadas em um leque de publicações representativo dos filmes brasileiros presentes nas salas de exibição paulistanas e brasileiras do período. Entre os signos escolhidos pelo autor no decorrer de doze reportagens, nota-se modos de estabelecer comunicação em torno da produção cinematográfica, de forma a estabelecer identificações retóricas ora com a predominância de uma “transparência”, ora de uma “opacidade”, mas sempre dentro da lógica de produção de sentido própria do contexto jornalístico. A “Transparência” ocorre quando são levados em conta pelo texto jornalístico elementos extrínsecos ao filme e que são parte da realidade social dos leitores; estabelecendo assim uma relação da narrativa fílmica com o contexto de vivências cotidianas do público; e “opacidade”, quando são levados em conta elementos intrínsecos ao processo de criação cinematográfica. Leva-se em conta que são produzidos sentidos sobre os filmes tendo em consideração uma diversidade de contextos que são agenciados de acordo com o tema, a proposta das produções e as datas das publicações dos textos jornalísticos. Os textos selecionados tratam dos filmes “10 Segundos para Vencer”, “Todos os Paulos do Mundo”, “Café com Canela”, “Fevereiros”, “Benzinho”, “Paraíso Perdido”, “Hebe”, “Pastor Cláudio”, “Rosa Azul de Novalis”, “A Sombra do Pai”, “A Vida Invisível” e “Bacurau”. Este leque de reportagens reflete, por um lado, a diversidade da cinematografia brasileira no período estudado, e, por outro lado, como cada uma destas produções exige diversas estratégias retóricas por parte do jornalista. Cada um desses títulos remete a um ponto específico de contextos de produção de sentido, refletindo as questões emergentes no mundo social que interessam tanto ao jornalismo como à cinematografia. Estão presentes ações de signos oriundas da cultura midiática globalizada, do meio cinematográfico brasileiro e global, de contextos culturais específicos do Brasil, estabelece-se o espelhamento das questões da classe média como classe representativa de um público modelo, aspectos históricos e políticos, problemas sociais, questões de gênero, étnicas e o caráter metalinguístico dos filmes. Nas formas de estabelecer processos de identificação, como a estratégia retórica mais evidente, nota-se a construção de um “self” do profissional jornalista, preocupado com a valorização ou o reconhecimento da produção cinematográfica nacional, dentro das circunstâncias próprias do jornalismo e do circuito de exibição paulistano. Apesar do jornalista estar empenhado na divulgação dos filmes, os processos de identificação representam o intento de estabelecer um diálogo com o público de acordo com os contextos pertinentes. Em muito, esses processos de identificação também podem ser tratados como a retórica da própria produção cinematográfica nacional. |
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Bibliografia | COLAPIETRO, Vincent Michael. Peirce’s Approach to the self. Albany: University of New York Press, 1989. |