ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Dance bem, dance mal, dance sem parar: Estética Disco. |
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Autor | Denilson Lopes Silva |
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Resumo Expandido | Como dialogar a disco e o audiovisual? Quando a disco se firma nas paradas de sucesso na segunda metade dos anos 1970, mesmo dentro da cultural pop, ele foi desqualificada como um produto comercial banal, feito para ser popular e mera forma de entretenimento, e só gradualmente revista. Quando a disco emerge, na primeira metade dos anos 1970, o rock já era reconhecido tanto pela qualidade de suas letras sendo aproximadas da literatura seja quanto pelo seu caráter problematizador de questões políticas, padrões sociais e comportamentais que emergiram na contracultura e retornaram no movimento punk, este emergindo, exatamente no mesmo ano que a disco, em 1976. Curiosamente, houve filmes, em geral comerciais, que não só utilizaram a disco como trilha sonora do qual o mais famoso foi “Embalos de Sábado à Noite” (1977) de John Badham, com uma versão pornochanchada “Sábado Alucinante” (1979) de Cláudio Cunha, que colocaram a discoteca como espaço cênico e dramático. Contudo, dois filmes lançados no mesmo ano revisitaram o gênero de: “Studio 54” (1998) de Mark Christopher e Os ‘Últimos dias da Disco”(1998) de Whit Stillman, este o mais reconhecido. No Brasil, talvez o que mais deu visibilidade à disco foi a novela “Dancing Days” (1978) de Gilberto Braga revisitada em filme sem grande visibilidade. Para compreender uma estética disco seria possível importante dialogar produtos culturais, artísticos e relatos etnográficos? Para tanto acredito que mais do que considerar a discoteca como espaço cênico e dramatúrgico, mas também como lugar de alegria e festa, importante não só numa rede de sociabilidade mas para a qual se coloca uma pergunta; como estar juntos para além dos espaços da família heteronormativa, do trabalho, dos partidos, dos sindicatos, de instituições bem estabelecidas? Antes mesmo do viver junto, gostaria de investigar para além das dualidades entre comunidade e sociedade, de subculturas, cenas em que espaços, momentos e lugares, a necessidade do estar junto se impõe como forma de estar no mundo. Para tanto, alguns termos, como kinships (afinidades/parentescos), casas, turmas, tendo como referência temporal os anos 1970, em especial a cultura disco até a crise da pandemia da AIDS me servirão para buscar dialogar com o cenário pós-pandemia em que vivemos, onde o estar junto parece ainda encontrar dificuldades. É possível que a Disco seria não só um momento fundador da música eletrônica, mas, também, a constituição de espaços de encontros e de celebração da alegria no tecido sensível dos encontros. A volta à disco tanto por pesquisadores como por músicos não seria só uma nostalgia mas um vislumbre de um espaço que talvez fosse queer antes que o queer se explicitasse nos anos 90 teoricamente. É claro que sempre há aqueles que eram excluídos das discos e não necessariamente por questões de classe, gênero ou raça, como de outras festas. Mas apesar disso gostaria de pensar quem ela podia congregar pela música, pela dança, pelos corpos. Por isso estou curioso para ouvir músicas que há muito não ouço, descobrir clips, rever ou descobrir filmes, estórias, romances. Será que o que aconteceu com a disco foi reeditado na história da música eletrônica? O curioso que só consiga lembrar um romance, Dancer from the Dance de Andrew Holleran (1978). É bem verdade que séries biográficas recentes como Halston (2021) e Os Diários de Andy Warhol (2022) recuperam o universo da disco, em especial, da aura do Studio 54, como o documentário “Studio 54” (2018) de Matt Tyrnauer, mas quem foram as personagens e estórias excluídas, trans, latinos e negros? A pandemia da AIDS reduziu ainda mais as possibilidades de encontros intergeracionais entre a era disco e novas gerações queers, trans, não-binárias etc? Com o crescimento da internet e redes sociais, os espaços de festa ou dança se restringiram, mudaram ou não têm o mesmo sentido de experienciar uma formação queer? A disco ainda pode gerar novas formas de vida pelas suas imagens e sons? |
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Bibliografia | SODRÉ, Muniz. “A alacridade como regência e potência". In: Pensar nagô.Vozes, 2017. p. 175-182. |