ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | 15 anos de telenovelas em HD na Rede Globo: historização e reflexões |
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Autor | Marina Cavalcanti Tedesco |
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Resumo Expandido | Desde a sua fundação, a Rede Globo incorporou inovações tecnológicas à sua programação como um todo, com destaque para o telejornalismo e a teledramaturgia, a fim de apresentar ao público uma qualidade de imagem e som “superior” a das empresas concorrentes. Embora não seja o objetivo de nossa comunicação discutir em que consiste uma qualidade de imagem e de som “superior”, pois isso envolveria, para além das questões técnicas, problematizar hierarquias entre cinema e televisão, relações entre cultura erudita e cultura de massa, mobilizar o conceito de distinção (Bourdieu, 2011) etc., valemo-nos das aspas para demarcar que não aderimos ao discurso da superioridade tecnológica acriticamente. Na primeira década do século XXI, ocorreram os debates sobre a televisão digital no Brasil. Distintos projetos se enfrentaram, o padrão Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial (ISDB-T), acrescido de algumas melhorias, foi adotado, e, ao longo de 2008, a transmissão digital se tornou realidade em boa parte das capitais brasileiras (no entanto, o fim definitivo do analógico ainda hoje é um problema para centenas de pequenos municípios). O debate e a digitalização da televisão só foram possíveis, no mundo e em nosso país - mesmo que parcialmente -, devido aos avanços cada vez mais velozes vividos pelas tecnologias de captação e de transmissão de vídeo a partir de meados da década de 1990. Menos de 20 anos depois do lançamento de câmeras de vídeo minimamente viáveis do ponto de vista da indústria audiovisual, a película deixou de ser o principal suporte para filmes e a imagem do cinema e da televisão convergiram com uma rapidez que poucos podiam imaginar. Simultaneamente à escalada da tecnologia de captação e transmissão do vídeo e da digitalização, aconteceu a expansão do acesso à TV por assinatura, aos serviços de streaming e à internet de banda larga. O incremento da oferta e da popularização de programação estrangeira fizeram com que a televisão aberta brasileira entrasse na sua mais grave crise, a qual as telenovelas da Rede Globo não ficaram imunes. Após um longo período de hegemonia, elas sofreram significativa perda de audiência (ao menos nos seus horários de veiculação, posto que as estatísticas de visionamento no Globo Play, além de não serem públicas, não entram na contagem de audiência), em especial nos centros urbanos industrializados e entre o público jovem. Considerando o breve contexto que acabamos de apresentar e a tradição de inovação tecnológica que apontamos no começo deste resumo, não surpreende que, nos 15 anos que se passaram desde a chegada da transmissão televisiva digital em grandes cidades do país, a Rede Globo já tenha reestruturado o parque tecnológico de captação de imagens de suas telenovelas algumas vezes, assim como modificado a estrutura das equipes por ela responsáveis. Nesta comunicação, apresentaremos uma historicização destas mudanças e reflexões iniciais sobre tal processo. Trata-se de uma uma história que ainda está por ser feita pela pesquisa acadêmica audiovisual em geral, e pelos estudos de televisão e de telenovela em particular. Através de notícias publicadas na imprensa, de materiais promocionais divulgados pela própria Rede Globo e, principalmente, do depoimento de profissionais da emissora, sabemos que a primeira telenovela global captada em alta definição foi Duas caras (2007-2008), que a partir de Avenida Brasil (2012) a Rede Globo adota câmeras “de cinema” e objetivas fixas em sua teledramaturgia, que a partir de Lado a Lado (2012-2013) o tradicional modelo de quatro câmeras em estúdio é alterado. Em alguns se discute tais transformações. Contudo, além deles não serem muitos, não se aprofundam nas questões técnicas dos equipamentos nem nas mudanças de tudo isso para as dinâmicas de trabalho e equipe, como estamos nos propondo. |
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Bibliografia | CAMPOS, Tito Lívio Baptista Pereira. O trabalho do câmera na televisão brasileira. 2014. 45 f. Monografia (Graduação em Cinema e Audiovisual) – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2014. |