ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Cinebiografias musicais latino-americanas do Século XXI: impressões |
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Autor | Leandro Afonso Guimarães |
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Resumo Expandido | O presente trabalho mapeia cinebiografias musicais latino-americanas feitas no século XXI sobre artistas populares.1 Como este texto é parte de uma pesquisa de doutorado em andamento, é possível que haja longas até agora não catalogados, mas é importante mencionar os caminhos da investigação. As pesquisas envolveram uma busca refinada por palavras-chave e gêneros, em sites de base de dados, assim como a visita a endereços especializados nas cinematografias locais. Mensagens também foram enviadas a cinematecas, cinetecas e institutos, bem como a representantes dessas instituições em cada um dos países da América Latina. Observações metodológicas feitas, vale trazer o primeiro número: entre obras lançadas de 2000 a 2022 dentro do recorte informado, esta pesquisa distinguiu 28 longa-metragens.2 Seis filmes lançados em quatro anos: para as cinebiografias, assim foi a década de 2000, marcada por uma discrição que não é levada aos estrondosos anos 2010, quando 19 filmes biográficos de artistas populares da música chegaram às telas na América Latina, tendência que segue até 2023. São tantas obras que, em vez de citá-las, e já tendo efetuado um mergulho nelas, esta introdução prefere esboçar algumas perguntas cujas respostas pretende levar à apresentação oral. O Brasil lidera em quantidade as produções de cinebiografias musicais na América Latina: não surpreende, mas a diferença para a Argentina talvez soe maior que o esperado, assim como deve causar um assombro a baixa posição do México na lista dos principais produtores de cinebiografias. Portanto, vale questionar: quais países também retrataram artistas de música popular e quais outros chamam a atenção pela ausência? Sobre o recorte de gênero, infelizmente a verdade é que continua, pelo menos no recorte desta pesquisa, uma hegemonia nas duas áreas: tanto em artistas retratados, como nas direções dos longas, a maioria dos nomes é de homens. No entanto, é válido analisar: qual o tamanho dessa diferença? Ainda em números, mas caminhando em direção aos protagonistas, pensando nas suas carreiras, quais épocas tendem a ser mais exploradas? Quais gêneros são mais populares? Por fim, e para ir além de dados que eventualmente podem ser excessivamente frios, o texto também tensiona: o que há de aproximações – e distanciamentos mais marcantes – nas histórias e abordagens que só o mergulho nos filmes pode diagnosticar? Para dialogar mais diretamente com o doutorado em andamento, quanto que temos de heróis (e heroínas), paladinos em sua coerência (SCHWARCZ, 2013, p. 52)? Quanto que encontramos de “uma apresentação oficial de si” (BOURDIEU, 2016, p. 189)? Já que “ninguém nunca tem nada de bom a dizer sobre a cinebiografia – geralmente desprezada com um sorriso sarcástico e chamada de ‘biopic’”, (ROSENSTONE, 2010, p. 135), o que podemos dizer (de não tão mal assim) sobre as nossas? 1 O conceito utilizado para o recorte das biopics é aquele defendido por Vidal (2014, p. 3): “filmes de ficção enfocados em personagens cuja existência histórica está documentada”. Assim, ficam de fora, naturalmente, séries e documentários – formatos abundantes na América Latina. Também não constam aí cinebiografias que não abordem personalidades da música popular, escolhida aqui por seu alcance, sua capacidade de reverberação e por sua relação contemporânea, inclusive, ao cinema: “aquilo que hoje chamamos de música popular, em seu sentido amplo, e, particularmente, o que chamamos ‘canção’ é um produto do século XX” (NAPOLITANO, 2002, p. 8). 2 Tecnicamente, o século só começa em 2001 – numericamente, porém, faz sentido considerar 2000 mais próximo do século de 2001 que do século de 1999. Assim, consideramos longas de 2000 como obras deste século. |
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Bibliografia | BOURDIEU, Pierre. A ilusão biográfica. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaina; PORTELLI, Alessandro. Usos & abusos da história oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Ed. da FGV, 2006. p. 183-191. |