ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Fronteira imagética: A estética fílmica de O homem das multidões |
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Autor | Guilherme Augusto Bonini |
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Resumo Expandido | Nesta comunicação procura-se investigar a composição fílmica no processo de transposição da escrita literária para a linguagem cinematográfica de O homem das multidões (2013). Tendo como inspiração o conto homônimo de Edgar Allan Poe, o filme revela o cotidiano de um solitário maquinista de metrô, Juvenal (Paulo André), na grande metrópole de Belo Horizonte. Quando o sujeito estabelece uma relação de amizade com Margô (Sílvia Lourenço), a controladora do fluxo dos trens, ambos passam a refletir sobre as diferentes formas de viver no universo urbano brasileiro. Através dos códigos cinematográficos, a narratologia fílmica expressa uma fronteira imagética, por sua inventividade estética, capaz de estabelecer um diálogo entre a modernidade social contemporânea e a obra clássica do século XIX. Originária de 1840, a literatura aborda a inclusão na modernidade social, ao apresentar um sujeito que busca evitar a solidão, na Londres do século passado. O projeto fílmico explora a solidão do homem contemporâneo, por personagens que vivenciam distintas condições deste estado, numa singularidade espessa, imersivos nas multidões do contemporâneo. Nessa proposta, buscamos observar os recursos técnicos e estilísticos empregados, para se pensar nas decisões da direção de fotografia, no processo criativo de composição visual em sua tradução ao discurso fílmico. Reflexões que possibilitam sentidos ao espectador, para além de seu conteúdo semântico, como o uso de um formato de tala em proporção (1x1), que direciona o olhar do espectador e possibilita a interpretação da narrativa mediante a subjetividade do personagem, que é inserido numa multidão amorfa. Tais reflexões senguem frentes teóricas que partem, primeiro, do conceito de narração paramétrica, por Bordwell, no intuito de averiguar uma estrutura estilística, pelo reconhecimento de repetições entre a variação dos planos na composição visual do filme. Segundo, por Baudelair, que discute a modernização social pelo conceito francês “flâneur”, aos processos de desenvolvimento do sujeito literário de Poe, a fim de auxiliar, na observação da criação do personagem do filme e seus estados subjetivos. Terceiro, por Howard e Mabley, que tratam dos processos de adaptação, no intuito de aprofundarmos na criação da linguagem narrativa, em sua composição de mise-en-scène, inspirada na literatura. A partir de análise fílmica e entrevista com os diretores Cao Guimarães e Marcelo Gomes, objetivamos compreender sua estética cinematográfica, propondo pensar na construção de uma unidade de sentido que aborda a solidão como tema de sua significação. |
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Bibliografia | BAUDELAIRE, C. Ensaios sobre Edgar Allan Poe. Tradução: Lúcia Santana Martins. São Paulo: Ícone, 2003. |