ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Desafios do ensino de cinema e audiovisual em contexto intercultural |
|
Autor | Eduardo Dias Fonseca |
|
Resumo Expandido | A UNILA (Universidade Federal da Integração Latino-americana) foi criada em 2010 e o curso de Cinema e Audiovisual iniciou as suas atividades em 2012. Desde a primeira turma o encontro diário com a interculturalidade e o multilinguismo nos é apresentado como parte integrante da constituição das atividades acadêmicas. A contribuição de Eduardo para esta mesa livre será o relato da experiência de um dos primeiros docentes efetivos do curso que trabalha na área de Produção Audiovisual, na economia e no pensamento de políticas públicas para o audiovisual na América Latina e Caribe. Dentro da diversidade abordada, como podemos pensar a relação da produção audiovisual nos distintos territórios? Como apreender as singularidades dos territórios e das presenças ou ausências de suporte para a produção audiovisual? Como podemos estimular o corpo discente a pensar a inserção de políticas públicas para o audiovisual para geração de riqueza e renda além, claro, do plasmar de nossas culturas nas telas? Como pensar a distribuição e a circulação dos filmes latino-americanos e caribenhos nos nossos territórios e além dos nossos territórios? São perguntas norteadoras que tangenciam os desafios do trabalho em uma universidade tão intercultural e multilíngue como a UNILA. Com entrada anual para 50 estudantes, 25 brasileiros e 25 de outros países da América Latina e Caribe, o ensino de Cinema e Audiovisual na Unila, de acordo com seu PPC vigente, é um curso bilíngue, generalista. Isso não quer dizer que não tenhamos componentes obrigatórios direcionados para as áreas práticas como montagem, área principal de atuação de Virgínia Flôres. Durante o percurso formativo o discente passa por Montagem: teoria e prática no segundo período, com possibilidade de se aprimorar em Laboratório Criativo de Montagem, no quinto período. Pela proposta intercultural da Unila encontramos os maiores desafios para ministrar estas matérias justamente na bibliografia de consulta e de orientação para os componentes mencionados, mas não somente, pois a filmografia que acompanha nossas aulas ainda nos convida a uma pesquisa mais apropriada. Virgínia observa que o ideal seria poder trazer uma multiplicidade de cinematografias nestes exemplos de montagens, proporcionando uma grande gama de identidades culturais. Considerando que os títulos bibliográficos relativos à montagem quase sempre estão baseados em autores europeus e estadunidenses, portanto acompanhados de exemplos destes espaços, estamos propondo um projeto de pesquisa que possa nos ajudar a contemplar essa diversidade cultural, mas que possa também integrar elementos e efeitos da montagem em diversos arranjos. Fabio Ramalho busca aportar ao debate uma perspectiva marcada pela circulação em diferentes contextos pedagógicos: no bacharelado em Cinema e Audiovisual, no Ciclo Comum de Estudos – cujos componentes curriculares são ofertados a todas as carreiras de graduação da UNILA – e em uma pós-graduação interdisciplinar em estudos latino-americanos. A partir desse entrelugar ou transversalidade institucional, algumas questões emergem: como construir referenciais teóricos e filmografias minimamente capazes de abarcar a multiplicidade de nacionalidades e a riqueza cultural e linguística que marca nossas turmas, de modo que as/os estudantes se sintam de alguma maneira contempladas/os por essas escolhas? Como partir do audiovisual como campo de estudo e recurso didático para articular discussões mais amplas sobre a América Latina e o Caribe, em seus aspectos socioculturais, históricos e políticos mais amplos, sem perder de vista as especificidades da linguagem audiovisual? Por fim, indagando os próprios modos pelos quais lidamos com a diferença: como manejar o diálogo em sala de aula de modo a potencializar trocas interculturais, sem fazer com que os sujeitos das situações de ensino-aprendizagem se sintam demandados a falar sempre em nome de uma determinada posição de alteridade e preencher expectativas de representação? |
|
Bibliografia | FRANÇA, Andrea; LOPES, Denilson (org.) Cinema, globalização e interculturalidade. Chapecó: Argos, 2010. |