ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | O devir do audiovisual brasileiro entre o Estado e o capitalismo |
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Autor | Julia de Almeida Maciel Levy Tavares |
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Resumo Expandido | Este trabalho apresenta parte dos resultados alcançados na pesquisa de mestrado, onde analisamos os impasses da regulação do vídeo sob demanda no Brasil. Por meio de um panorama histórico interdisciplinar, apoiado na crítica da economia política, na história do pensamento social brasileiro e na historiografia do audiovisual brasileiro, principalmente no que tange a regulação audiovisual no Brasil, nosso trabalho parte de fins do século XIX quando o cinema é criado, transita pelo século XX e chega às primeiras décadas do século XXI diante do capitalismo digital. No nosso entendimento, a história do desenvolvimento da indústria audiovisual pode ser lida enquanto forma fenomênica da expansão crescente da acumulação capitalista. A todo momento novas tecnologias surgem e são incorporadas, impactando a produção, as relações de trabalho, as formas de se relacionar com um público (também em constante expansão). A própria invenção do cinema, nascido entre tantas invenções da segunda revolução industrial em fins do século XIX, evidencia esse processo. E, se em seu primeiro século o cinema, rádio, televisão, imprensa, se constituíram em instâncias paralelas, embora relacionadas, com as transformações tecnológicas informacionais e das telecomunicações, se fundiram societariamente em grandes conglomerados ao mesmo tempo em que se fragmentam cada vez mais em espaços virtuais e possibilidades de interação entre mais empresas, objetos e seres humanos. Para o audiovisual brasileiro a questão que vem se apresentando ao longo das décadas é como regular todos esses espaços e outros mercados que poderão vir a existir, e garantir a presença brasileira, crítica e independente, proporcionando ganhos não apenas para a área, mas para a sociedade brasileira como um todo. Mas como dar conta e regular algo em infinita e veloz expansão sem nos questionarmos sobre o que nos leva a esse paradoxo, ou seja, sem entender o próprio sistema que cria e expande infinitamente esse desejado locus? Por que as políticas públicas brasileiras da área sempre estão aquém de suas necessidades? Por que áreas como a preservação e memória audiovisual ou ações que ataquem as desigualdades sociais, raciais, de gênero, tem sido preteridas pelas políticas da área? Para responder a essas perguntas, nosso trabalho se debruçou em pesquisas audiovisuais, mas também em autores brasileiros que tentaram entender os problemas estruturais do Brasil. Com Celso Furtado, Florestan Fernandes, entre outros, entendemos que subdesenvolvimento, dependência cultural, desigualdades sociais, são partes inerente da forma como a inserção brasileira no mercado internacional se deu. Tal forma influenciou diretamente a formação do Estado brasileiro, as políticas públicas por ele desenvolvidas, assim como o próprio desenvolvimento da área audiovisual. O panorama histórico traçado também possibilitou perceber que as ausências da regulação estatal para o audiovisual coincidiram com períodos de crise e ampliações do sistema para novos mercados/setores. E que os recuos da esfera estatal seguiram padrões que só podem ser explicados quando analisados dialeticamente através das características internas da formação do Estado brasileiro e externas, levando em conta os fluxos do sistema a nível global. Por fim, observamos que essa contínua expansão do sistema além de criar formas cada vez mais abstratas e sofisticadas de organização e determinações sociais, desorganiza antigas questões do audiovisual brasileiro, obrigando-o a repensar constantemente suas estratégias de sobrevivência dentro do seu próprio país, ao longo da história. |
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Bibliografia | AUTRAN, A. O pensamento industrial cinematográfico brasileiro. São Paulo: Hucitec, 2013. |