ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Relatos metodológicos de alfabetização cinematográfica |
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Autor | Joel Felipe Guindani |
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Resumo Expandido | O presente texto relata alguns resultados do projeto de extensão “Cine Escola Guarujá: nossa cultura em projeção”, realizado por docentes e discentes do Laboratório de investigação em Imagem (LabLii – @lablii_ufsm), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM – campus Frederico Westphalen/RS). O referido projeto, destina-se à alfabetização cinematográfica de professores e alunos da rede municipal de ensino do município de Guarujá do Sul, oeste catarinense. Ao final, realiza-se a Mostra de cinema de Guarujá do Sul, com a projeção das obras na praça da cidade. No momento desta escrita, o referido projeto ainda se encontra em execução, especificamente em duas escolas públicas e já conta com a participação de 35 alunos e 05 professores. Os primeiros passos de construção metodológica se deram a partir de provocações sobre o entendimento do cinema para além do produto, do filme ou da exibição. Em roda de conversa, provocou-se o olhar para o cinema como um espaço aberto, de experimento e de criatividade que ocorre em todo o processo de construção do filme. A partir de questões projetadas na tela, foi possível discutir que a arte cinematográfica é um lugar de comunicação constante entre os sujeitos que a produzem. Por esse caminho, adentrou-se na compreensão do cinema como um espaço de comunicação para o aprendizado colaborativo. O campo da educomunicação indicou alguns elementos reflexivos sobre o cinema a partir da relação positiva entre a arte, a educação e a comunicação. Para Bachelard (2013. p. 02) “a imaginação trabalha mais geralmente onde vai a alegria”. Assim, nos encontros iniciais, notou-se importante pensar a construção de metodologias relacionadas à noção de aprendizagem significativa, conceito freireano e que fundamenta uma pedagogia do experimento lúdico, crítico e libertador (FREIRE, 1992). Por esse caminho, a metodologia, antes de ser um roteiro de acertos, é um processo de experimento, de tentativa e erro, de apostas e de ludicidade. A metodologia inicial instigou reflexões sobre o cinema como a possibilidade de construção de narrativas sobre o viver comum, sobre este pertencimento à vida em uma comunidade, facilitado pelo diálogo da historicidade comum e compartilhada. Em outras palavras, a metodologia como processo dialógico, instigou o pensar sobre o cinema como a arte do encontro com a vida comum, como definiu Vertov (2015, p. 38): “O campo de visão: a vida. O material para a construção da montagem: a vida. O cenário: a vida (cidades, povoados, vilarejos). Os atores: a vida (todas as pessoas e coisas animadas).O cinema como espaço de experimento, motiva à constituição de um coletivo que produz em conexão, no encontro com o outro. No decorrer das primeiras oficinas, também se religou a isto a importância do instigar as crianças ao pensamento do cinema em constante co-criação partilhada. Ao final dos primeiros encontros, percebeu-se que as crianças se interligam, profundamente, ao contemporâneo imagético e se constituem como consumidoras/produtoras de um cinema multi-tela. Este contexto, também compreendido como cinema midiatizado (SILVA, 2011), alertou-nos para a compreensão das competências cinematográficas situadas em diversas fontes de entendimento, apropriação e aprendizado. Nos primeiros encontros, a roda de conversa tocou em questões relativas à função/utilidade do cinema, o que potencializou o desenrolar do pensamento crítico da própria noção de vida, conforme define Vertov (2015), não de modo genérico ou metafórico, mas relacionado ao contexto, ao olhar para as desigualdades, bem como para a necessidade de se pensar a justiça social, a sustentabilidade e a cidadania. Conclui-se, que estes relatos metodológicos se limitaram ao processo inicial das oficinas. Certamente, com a finalização do projeto e a possível comunicação oral aos demais colegas do grupo de trabalho, serão apresentados outros resultados, sobretudo de conclusão das obras, bem como da Mostra, prevista para o próximo mês de agosto. |
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Bibliografia | BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos: ensaios sobre a imaginação da matéria. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2013. |