ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Visão de Brasília: a crítica e o projeto de cinemateca ao redor de 64 |
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Autor | Pedro Plaza Pinto |
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Resumo Expandido | A pesquisa em curso destaca a correlação e a cronologia de fatos sobre a presença em Brasília da Cinemateca Brasileira. Desde a proposição do Projeto de Lei 711/1959, as viagens São Paulo-Brasília de integrantes do órgão acontecem com mais frequência até a crise de 1965. Mesmo depois disso, mantêm-se o trabalho de intervenção na Semana do Cinema Brasileiro (1965) e ainda no já então Terceiro Festival de Brasília (1967). O projeto de publicação e conhecimento do trabalho da instituição forma pessoas e multiplica as perspectivas de inserção de autores e autoras para além de Paulo Emílio Sales Gomes desde o final dos anos 1950 no Suplemento Literário do jornal O Estado de São Paulo. A ação política e institucional da Cinemateca Brasileira no projeto de universidade da UNB (Universidade de Brasília) não se restringia à pesquisa de projetos similares de ensino público superior na área de cinema e comunicação, projetava também a presença de assuntos e temas anteriores ao período de tensão política entre 1963 e 1964. Se existe desde a proposição do projeto de apoio à instituição da década anterior, projeto retirado de pauta em 1961, a presença do conservador-chefe da Cinemateca Brasileira na realidade brasiliense também dizia respeito à inserção na vida cultural da cidade que ele notabilizou com uma série dispersa de artigos com referência direta no título a “Brasília”. É também na revista Visão, na revista Realidade e em documentos do Congresso Nacional que encontramos os sinais da ação do trabalho e da literatura cinematequeira. Nelson Pereira dos Santos dará aulas na UNB por um período entre 1964 a 1965 a convite de Pompeu de Sousa. A relação com Nelson Pereira com a Cinemateca Brasileira, então, é particular. Antecede o Cinema Novo e tange o percurso que se realiza de modo completo desde o escrito de 1958, “Rascunhos e exercícios”, no Suplemento Literário, documento de recepção dos primeiros filmes do cineasta, até quando, em 1963, o crítico Salles Gomes acolhe Vidas secas como obra madura em alentado datiloscrito para a revista Visão, no qual compara os aspectos criativos do romance de Graciliano Ramos e do filme, mas descarta proximidade estética com a bandeira revolucionária do “chamado” Cinema Novo. O interesse em integrar Nelson ao quadro desta pesquisa aparece a partir de duas leituras, não à toa uma bem recente, da análise que Nuno Ramos faz do “palco de Corisco” em seu ensaio sobre cultura brasileira, Glauber, Tunga e Caetano Veloso no livro Verifique se o mesmo. Aqui a referência ao Romance de 30, a referência ao Romance de Graciliano e a referência ao filme de Nelson são centrais na tese do ensaio. A outra leitura traz o pareamento que perpassa, dois anos depois, a situação de O Desafio na Primeira Semana do Cinema Brasileiro. Também aqui Salles Gomes traduz em artigo a defesa e solidarização com o filme do amigo e jovem pupilo para o último artigo que publicará no Suplemento Literário, “Novembro em Brasília”. Momentos de proximidade diante do autoritarismo, como será o caso também da defesa contra a censura ainda também no festival de 1967, motivo pelo qual o artigo “Brasília: o diabo solto no cinema” na revista Realidade expõe a estratégia de persistência do trabalho mesmo em situação tão adversa. É curioso que também em Visão, no começo de 1963, Porto das caixas fora assunto entre outros filmes presentes no festival do cinema brasileiro realizado em Salvador, evento que é o assunto principal do escrito. Trata-se um dos poucos textos que traz alguma interpretação de filme relativo ao Cinema Novo, mas numa chave de comparação com outros materiais por ocasião de um evento, onde o filme foi exibido paralelamente a Tocaia no asfalto, Assalto ao trem pagador e Três cabras de lampião. Do mesmo modo, em Visão também aparecerá a nota favorável sobre Vidas secas no final de 1963 e a defesa de O Desafio em 1965. |
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Bibliografia | GOMES, Paulo Emílio Sales. Uma Situação colonial? 1.ed. São Paulo, Companhia das Letras, 2016. |