ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Os Exibidores Ambulantes em Santa Catarina: de 1897 a 1912 |
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Autor | Bernardo Schmitt |
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Resumo Expandido | Na transição para o século XX, o público catarinense teve seu primeiro contato com o cinematógrafo, através do trabalho de exibidores ambulantes - mascates que viajavam através de cidades, estados e países para realizar projeções de cinematógrafo. Começando em 1897, com a primeira exibição na capital Florianópolis, e espalhando-se para norte e sul do estado, este modo de exibição foi o meio exclusivo de contato entre os espectadores e a nova atração em Santa Catarina até o início da década de 1910, quando muitos destes - até então - ambulantes iniciam uma transição para o modelo de salas fixas. O trabalho dos itinerantes no estado possuí algumas curiosas diferenças quando comparado com o resto do país, em particular no que concerne a influência dos imigrantes alemães - habitantes das cidades coloniais no norte do estado - que foram itinerantes pioneiros através do estado, realizando exibições em alemão e português de aparelhos e fitas conseguidos na alemanha, aproveitando-se do contato constante que os portos de São Francisco e de Itajaí mantinham com Hamburgo, na Alemanha. Estes imigrantes tiveram grande influência na forma como ocorriam os espetáculos de cinematógrafo em Santa Catarina, cujos espaços, datas e programas eram adequados aos aspectos culturais da vida na colônia. É notória também a divisão do ciclo dos ambulantes em dois períodos distintos: um momento inicial (1897 - 1905), marcado por uma maior diversidade nos espaços - exibições em teatros, salões de festa, clubes de tiro, tendas de circo -, nos tipos de aparelhos e nos tipos de exibidores - ilusionistas, pequenos empresários, circos, antigos e novos mascates - que, em geral, realizavam rotas bastante longas, através de diversos estado e - por vezes - outros países. Nestas exibições, o cinematógrafo era, tradicionalmente, apenas uma atração dentro de um programa que podia conter truques de mágica, acrobacias, concertos musicais, bailes e outras diversões, dependendo do modelo de exibidor. No segundo período (1906 - 1912), existe um virtual domínio de um único modelo de ambulante: um pequeno empresário local, que realiza exibições exclusivamente de cinematógrafo, em espaços já tradicionais - salões ou teatros - e fazendo sempre rotas curtas e fixas através do litoral do estado - de Laguna até Itajaí - e adentrando no interior somente na parte norte - região de imigrantes alemães. A partir de 1909, muitos destes empresários fixam suas exibições, se aproveitando de um fluxo mais contínuo de novos filmes vindos do Rio de Janeiro, e abrem, nos mesmos teatros e salões que costumavam utilizar itinerantemente, as primeiras salas de cinemas o estado: o Parque Smart e Cinema Floresta (em Joinville), Kino Busch (em Blumenau), Parque Catarinense e Cinema-Cassino (em Florianópolis) e Cinema Ideal (em Itajaí). Através deste trabalho de pesquisa - realizado extensamente em arquivos físicos e digitais do estado - pudemos demonstrar como o ciclo de exibições ambulantes em Santa Catarina foi um movimento que possuiu conformidades e particularidades quando comparado com o resto do Brasil; que advém de uma tradição de espetáculos e atrações itinerantes no século XIX e culmina diretamente influenciando os primórdios do circuito de salas de cinema em Santa Catarina e o contato do público catarinense com o cinema através do século XX. |
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Bibliografia | ARAUJO, S. M. de.; DEPIZZOLLATTI, N.V.; PIRES, J. H. N. O Cinema em Santa Catarina. Florianópolis: Editora da UFSC & Embrafilme, 1987. |