ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Festivais de cinema: o(s) cinema(s) brasileiro(s) em circulação |
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Autor | Cleide Mara Vilela do Carmo |
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Resumo Expandido | Esse artigo é parte da argumentação que estou desenvolvendo em minha tese de doutorado. A partir da abordagem teórica da virada da mobilidade na sociologia, discuto o espaço dos festivais de cinema como espaços em permanente construção e atualização que também constroem outros espaços por meio de relações em rede de seus/suas participantes (Sheller e Urry, 2006). A circulação de obras fílmicas e de realizadores/as audiovisuais em festivais internacionais de cinema, produz espaços e, ao se movimentarem modificam e constituem realidades sociais e materiais que se transformam em produtos ou uma rede de possíveis parcerias de mão-de-obra, reforço de políticas e trocas (Büscher e Urry, 2009) e, também, produzem significados sobre o que nós compreendemos sobre cinema. Desse modo, a mobilidade desses/as realizadores/as ajuda a pensar o lugar do movimento no funcionamento de instituições e práticas sociais e suas atualizações e construção a partir do movimento, isto é, não é apenas o modo como os/as realizadores/as tomam conhecimento do mundo, mas também, como elas fazem o mundo material e socialmente por meio das maneiras como se movem e são movidos (Buscher e Urry, 2009). Por outro lado, a literatura sobre o(s) cinema(s) brasileiro(s) no século XXI aponta para mudanças na composição do setor cinematográfico brasileiro ao considerar a ampliação do acesso a equipamentos e tecnologias de produção e distribuição de filme em digital, os modelos de produção coletiva e a circulação em mostras e festivais como uma forma de ganhar reconhecimento pela crítica e curadorias (Ikeda, 2021; Migliorin, 2011; Oliveira, 2014). Nesse artigo, gostaria de acrescentar a essas considerações as políticas desdobradas da Convenção sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais (2005), tentando discutir de que maneira festivais internacionais de cinema também ampliaram suas mostras, espaços de formação e financiamento de modo a agregar outros tipos de fazer cinematográfico. Meu argumento segue o de Renato Ortiz (2015) ao discutir a diversidade cultural como um tipo de universalismo que pode coadunar com uma estratégia de ampliação de mercados nas sociedades globalizadas e não, necessariamente, com a de um movimento de mudança social em que diferentes sociedades possam conviver com diferenças culturais. No entanto, a possibilidade de criar movimentos de ampliação de mercados, no caso do fazer cinematográfico, também abre espaços de circulação de outros tipos de fazer cinema que tensionam, inclusive, os cinemas nacionais e o pluralizam, caso dos cinemas negros, feministas e LGBTQIP+. Nesse sentido, discuto a possibilidade de cinema(s) brasileiro(s) no plural e os desdobramentos de disputas que podem ser complementares e/ou antagônicas a depender dos espaços, mas que geram também novas possibilidades e mudanças em instituições e políticas. |
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Bibliografia | Buscher, M.; Urry, John. 2009. Mobile Methods and the Empirical. In: Sage Journals, V 12 I 1. Disponível em: https://doi.org/10.1177/1368431008099642 |