ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | A música performando a narrativa de Inferninho |
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Autor | Caio Cardoso Holanda |
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Resumo Expandido | O cinema cearense é rico musicalmente com suas expressões culturais e regionais, criando uma ambientação única dentro do cinema nacional. As histórias ganham vida a partir do que os personagens escutam e cantam, pois a trilha musical é narrativamente participativa e indutora dos eventos no filme. Em Inferninho (2018), a música e a performance no enredo são cruciais para retratar os sentimentos e acontecimentos ao decorrer do longa, pois além da história se passar, quase que inteiramente, em um bar com música ao vivo, também se coloca em um universo surrealista queer. Portanto, este trabalho tem o objetivo de fazer uma análise fílmica da trilha musical e como ela surge na narrativa do filme cearense Inferninho (2018) realizado por Guto Parente e Pedro Diógenes. A letra da música importa o suficiente para ser uma mensagem quase subliminar ao espectador, requisitando que seja compreendida na narrativa. “O fato da canção possuir um texto poético, de associar a linguagem musical a palavras, faz com que a sua introdução no filme direcione para ela uma parcela muito maior da atenção” (Carrasco, 1993, p. 84). O tema de estudo se propõe a dissecar como a trama se relaciona com as músicas em cena, sendo, em sua maioria, diegéticas performada pela personagem Luizianne interpretada pela atriz Samya De Lavor, analisando que as canções são em sua maioria nacionais advindas do forró, contudo cantadas em versões diferentes e em diversos idiomas. Ressaltando que a seleção musical foi realizada por Rita de Cássia, compositora famosa de forró tendo inclusive o título de “A Maior Compositora de Forró” e com mais de 500 músicas em sua autoria, consequentemente o longa contém suas obras na trilha musical como famosas canções da banda Mastruz com Leite, além da composição de Victor Colares: a música “Vermelho Azulzim”. O problema geral a ser abordado nesta proposta é como o que é entoado pela trilha musical ocasiona conflitos, romances e momentos de catarse. O cinema cearense tem que conquistar mais espaço dentro da academia, ampliando a diversidade de realizadores e temas nos seus estudos, ir além das filmografias de um ou dois realizadores específicos, por isso é de extrema relevância o estudo de um filme do cinema independente fortalezense como Inferninho que tem uma temática queer surrealista. Urge também a necessidade de um autor também cearense e de conhecimento do campo realizador local abordar essa temática em seus estudos. É importante analisar a relação da música com o espaço fílmico, além disso, tecemos reflexões acerca dos gêneros musicais, forró e MPB com o intuito de costurar esses temas às análises fílmicas e musicais que sublinham o trabalho. O forró, principalmente, será foco de estudo desde sua origem, a formatação das bandas e gravadoras, suas características e até os espaços que ocupa na sociedade cearense, no enfoque dos bares e casas de show, assim como seu impacto sócio-cultural no consumo musical e na forma de descrever relações amorosas. No longa, a abertura apresenta a personagem com qual nossa análise vai acompanhar com mais frequência, a cantora do bar Inferninho, Luzianne performando Anjo de Guarda da banda Mastruz com Leite, canção que define a relação da protagonista Deusimar, interpretada por Yuri Yamamoto, com o personagem Jarbas, interpretado por Demick Lopes, já denunciando por onde o relacionamento não só entre o casal como com toda a família Inferninho seguirá ao decorrer da obra. A estratégia de análise fílmica se dará a partir de uma seleção de cenas, músicas e personagens do filme com a aplicação bibliográfica da literatura acadêmica em estudos de sonoridades e trilha musical em filmes, além da ótica do cinema cearense. |
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Bibliografia | CARRASCO, Ney. Trilha musical: música e articulação fílmica. 1993. Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, USP, São Paulo. |