ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Pelé, o documentário brasileiro e as cenas do sensível |
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Autor | Francisco Alves dos Santos Junior |
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Resumo Expandido | Considerado o maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé ocupa um lugar importante no imaginário brasileiro e mundial. O registro dos seus gestos, dos seus gols e de suas performances nos gramados, e também fora deles, são numerosos na fotografia, na televisão ou no cinema. José Miguel Wisnik, em Veneno Remédio: o futebol e o Brasil, explica que a construção mitológica do ex-camisa 10 da seleção brasileira, do Santos e do Cosmos, foi reforçada pelas transformações tecnológicas dos meios de comunicação de massa: “Pelé é um ser de transição entre o futebol do rádio e o futebol da televisão, cujos teipes contribuíram para torná-lo o símbolo de alcance planetário que ele é” (WISNIK, 2008, p. 36). São diversas as produções cinematográficas (ficcionais e documentais) que se dedicam a reconstruir a carreira de Pelé, sem deixar de lado, entretanto, a relação entre a sua vida pública e a sua vida privada, marca indelével do processo de criação e recriação biográfica e autobiográfica de pessoas públicas, na qual se “apresenta uma trama frequentemente indiscernível entre o individual e o coletivo, e a identidade pessoal se desenha quase obrigatoriamente no horizonte da construção da identidade nacional” (ARFUCH, 2010, p.141). Partindo da ideia que os documentários sobre futebol podem ser considerados como produções estético-políticas, já que trazem para a superfície questões relacionadas à vida política e cultural do país, o que nos interessa neste trabalho é analisar, através de uma perspectiva comparada, como o ex-jogador é representado nos documentários Isto é Pelé (Luiz Carlos Barreto e Eduardo Escorel - 1974), Pelé Eterno (Anibal Massaini Neto - 2004) e Pelé: o Rei desconhecido (Ernesto Rodrigues - 2017). Nossa intenção aqui é observar, a partir de um diálogo e de movimento fabular de aproximações e distanciamentos entre as obras escolhidas para este estudo, quais os “aspectos de proximidade, simpatia, divergências e/ou rupturas, por exemplo, que permitem a produção de outras imagens e imaginários, de continuidade ou de interrupção” (SOUZA; CARDOSO FILHO, 2022, p.46) da figura de Pelé no documentário brasileiro. Além disso, considerando a performance enquanto uma estratégia de produção de gestos de intervenção na ordem do comum (BOGADO; ALVES JUNIOR; SOUZA, 2020), buscaremos entender como as falas de Pelé, dentro e fora do campo de jogo, produzem sensibilidades e novas possibilidades de experienciar o futebol e o mundo. |
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Bibliografia | ARFUCH, Leonor. O espaço biográfico: dilemas da subjetividade contemporânea. Rio de Janeiro: UERJ, 2010. |