ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | O cineclubismo como dispositivo formativo |
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Autor | JULIANA VIEIRA COSTA |
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Resumo Expandido | O trabalho tem como objetivo discorrer sobre o cineclubismo como um dispositivo formativo ao longo da história do movimento. Como fenômeno social, as definições e atribuições do que seria um cineclube passam por disputas discursivas e historiográficas. O cineclubismo é um movimento mais ou menos ordenado e articulado, mas também uma forma de organização coletiva heterogênea que possui tantas configurações quantos contextos sociais os quais integrou. Dentre as histórias do movimento cineclubista, há uma linha narrativa mais institucionalizada, e, portanto, razoavelmente documentada e outras que contam com rastros de informações para se contar. As práticas cineclubistas sempre se multiplicaram em suas diversidades sem que a história tenha dado conta de registrá-las. As designações institucionais, de pretensão hegemônica, não conseguem definir o fenômeno do cineclubismo na sociedade e na história do cinema em sua heterogeneidade. Diante desta história lacunar, buscando preencher de alguma forma alguns destes espaços pouco documentados e pesquisados, vamos traçar uma breve historiografia cineclubista em relação a sua dimensão formativa e algumas ideias que associaram o cineclubismo à educação ao longo da história. Abordaremos o debate em torno das diferentes origens dos cineclubismos, utilizando o termo cineclubismo no plural por entendermos a multiplicidade das suas práticas e origens. Não se trata de estabelecer uma ou outra forma de cineclubismo como originária, ou hegemônica, mas de respeitar as variadas expressões e práticas dos cineclubismos na história e na sociedade. As origens do cineclubismo são fonte de disputas histórico-discursivas em relação a sua compreensão na atualidade. À narrativa corrente de que o cineclubismo surge no início do século XX como um clube de elite intelectual para a fruição e a defesa do cinema enquanto arte se sobrepõe um discurso que define a essência da atividade como a apropriação do público aos mecanismos de exibição e realização cinematográfica. Nossa hipótese é que as aproximações e tensões entre estas concepções apontam para uma origem do cineclubismo como um dispositivo formativo. A partir das historiografias do cineclubismo francês (SOUILLÉS-DEBATS, 2013), que foi referência para os cineclubes do mundo ocidental, e do cineclubismo brasileiro (MACEDO, 2017), investigaremos de que formas as diferentes acepções das organizações coletivas em torno da exibição de filmes se relacionam com discursos formativos de seus frequentadores e organizadores a fim de estabelecer as linhas de força e de fissura que atravessam o dispositivo (FOUCAULT, 2008). |
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Bibliografia | FOUCAULT, Michel. O que são as Luzes? In M. B. Motta (Org.), Ditos e escritos: arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamento (Vol. 2, 2a ed., E. Monteiro, Trad.). Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Trabalho original publicado em 1994). (2008) |