ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Modos de ver e ser corpo: a montagem como ampliadora de possibilidades |
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Autor | Lígia Villaron Pires |
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Resumo Expandido | Quando Maya Deren fez Talley Beatty flutuar em um grand-jeté em “A Study in Choreography for Camera” (1945), através da montagem rápida com enquadramentos ligeiramente distintos do mesmo salto, foi como se o tempo se alargasse e a gravidade se tornasse maleável. A noção de “filme-dança”, proposta pela cineasta experimental, implica em “uma dança tão relacionada com a câmera e o corte que não pode ser “performada” como uma unidade em nenhum outro lugar” (DEREN, 1945, p. 1, tradução nossa) que não no espaço fílmico. Em seus filmes, Maya opera a linguagem cinematográfica de tal forma que acaba por oferecer ao corpo, de maneira precursora, novos caminhos poéticos e estéticos. São muitos os elementos que podem contribuir na construção dessa linguagem híbrida que é hoje mais comumente denominada “videodança”. Nessa investigação, focaremos no elemento da montagem, de forma a examinar como sua utilização alarga as possibilidades da dança, modificando nossa própria percepção do corpo que dança e tornando possível “dançar o impossível” (KRAUS, apud CALDAS, 2012). Partindo do exemplo seminal de Deren, o texto irá analisar trechos e aspectos de algumas obras audiovisuais que se relacionam com a noção de “filme-dança” de Deren. Cada qual associado a um contexto artístico e a um projeto de Cinema específico. São eles: “Thèmes et variations” (1928), de Germaine Dulac, “Dance in the sun” (1953), de Shirley Clarke (1953) e “Nine Variations on a Dance Theme” (1967), de Hillary Harris. Analisaremos a utilização da montagem paralela em “Thèmes e variations”, e em como isso contribui para a construção de um “corpo-máquina”; como também como o conceito de “geografia criativa” de Lev Kuleshov é utilizado e subertivo em “A Study in Choreography for Camera” e “Dance in the Sun”. Finalmente, nos atentaremos para a construção da montagem em “Nine Variations on Dance Theme”, que utiliza múltiplos pontos de vista da mesma sequência de dança, o que também foi experimentado por Lev Kuleshov em 1921. Trabalhando com a noção de “recorporalização”, de Douglas Rosemberg (2012), que é a ideia de reconstrução do corpo que dança através de “técnicas das telas”, e de “efeitos de presença”, de Hans Ulrich Gumbretch (2010), o presente trabalho busca entender como é dada a construção visual e estética do corpo que dança e da própria dança em tais filmes e como elas contribuem para o desenvolvimento de um outro tipo de atenção e presença, que se distingue da presença cênica. |
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Bibliografia | CALDAS, Paulo. Poéticas do Movimento: Interfaces. In: CALDAS, Paulo et al (Org.). Dança em foco: ensaios contemporâneos de videodança. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2012, p. 239-254. |