ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Raimiverso: a experiência multidimensional no cinema de Sam Raimi |
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Autor | Francisco Gabriel Garcia |
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Resumo Expandido | Quais são as principais características multidimensionais do cinema de Sam Raimi, desde Evil Dead (The Evil Dead, 1981), passando por Homem-Aranha (Spider-Man, 2002) até chegar no Dr. Estranho (Dr. Strange in The Multiverse of Madness, 2022), e por que compõem o chamado Raimiverso – o universo de filmes do cineasta, amarrados em elementos transmidiáticos de horror-cômico e de herói? Há um percurso evolutivo da tecnologia empregada nos processos criativos desses filmes? Quais são as diferentes experiências ao assistirmos aos filmes de Sam Raimi nas tecnologias 2D, 3D e 4D? O crescimento das técnicas digitais e como os filmes são exibidos afetam a experiência do espectador? Que relações existem entre os diferentes modos a que esses filmes são assistidos e a própria maneira como foram filmados? O artigo busca conceituar o Raimiverso inicialmente a partir das tomadas sinuosas da câmera de Sam Raimi usada em seu primeiro filme, Evil Dead. A chamada Shaky-Cam, criada em decorrência dos parcos recursos financeiros, trouxe “o olhar da câmera subjetiva” (MACHADO, 2007) vagando sinuosamente atrás de suas vítimas e atribuindo profundidade de planos. Diversos outros aparatos inventivos para essas filmagens são relacionados à “magia” que Sam, desde criança, fazia ao experimentar com a Super-8 (RAIMI, 2013), e pudesse se tornar um bricoleur (BAZIN, 1991) analógico da multidimensionalidade com o seu cinema. Há, no processo criativo do filme do Homem-Aranha, o advento da tecnologia 3D acoplado à câmera que desliza por cabos, além de outras tomadas subjetivas e traços de horror-cômico que remetem ao Evil Dead. O conceito do Raimiverso se conclui com a temática do horror investida em Dr. Estranho, filmado para exibição no cinema 4D, e diversos elementos transmidiáticos que servem como “entradas independentes ao universo narrativo” (GOSCIOLA, 2019) multidimensional de Sam Raimi. O trabalho ainda faz referência à imagem digital (DUBOIS, 2004), ao olhar do observador (CRARY, 2012), aos hiperestímulos (SINGER, 2001) e à plausibilidade em ambientes digitais imersivos (BORBA, 2020), além das diferenciações entre as projeções 2D, 3D, 4D e experiências de seus usuários (OH, LEE, LEE, 2011). No percurso metodológico, são referenciadas entrevistas diversas com o próprio cineasta, oriundas de textos midiáticos recentes, de documentários sobre making-ofs e efeitos especiais, e da pesquisa feita no livro do jornalista Bill Warren, sobre a filmografia do diretor. Para o corpus, é feito um levantamento exploratório de cenas específicas das trilogias do Evil Dead e do Homem-Aranha, bem como do filme do Dr. Estranho, que visam contextualizar o Raimiverso como uma marca autoral, presente na multidimensionalidade do cinema de Sam Raimi, tais como: a profundidade do passeio da Shaky-Cam nas cenas de abertura e de encerramento em Evil Dead; a queda da Spider-Cam entre os prédios, numa combinação analógica com o 3D em Homem-Aranha; as intertextualidades com Evil Dead em Dr. Estranho e a experiência do filme assistido na projeção 4D. Dessa forma, o artigo observa o Raimiverso como os filmes de Sam Raimi se relacionam, seja: pelas múltiplas dimensões de planos e profundidade atingidos em Evil Dead, sobretudo pela criatividade do cineasta; pelo percurso criativo e combinatório de tecnologias 3D em Homem-Aranha que revisitam Evil Dead; por aspectos de horror-cômico e novas inserções de Evil Dead em Dr. Estranho; pela maneira como Evil Dead foi filmado e o que isso reflete inversamente na maneira como o espectador assiste ao Dr. Estranho no cinema 4D. Portanto, são propostas duas analogias no artigo: a primeira, chamada de “Efeito Roller Coaster”, propõe que o espectador do filme, no cinema 4D, fica menos envolvido com a história, conforme aumentam sua imersão e prazer pelo estímulo neste ambiente; a segunda, chamada de “Gangorra dos Estímulos”, propõe que conforme o plano dimensional diminui, maiores são o conforto e o envolvimento do espectador com a história. |
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Bibliografia | BAZIN, André. O Cinema: Ensaios. São Paulo: Brasiliense, 1991. |