ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE MARTIN SCORSESE PELO VIÉS SENSORIAL |
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Autor | MARCOS GABRIEL FARIA CARRERA |
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Resumo Expandido | Este trabalho se insere dentro de nosso projeto de pesquisa atual, que busca pistas de como os filmes de Scorsese mobilizam a sensorialidade do espectador. Mais especificamente: queremos avançar por entre a folhagem densa das leituras autorais tradicionais, muito focadas em interpretações biográficas, e vislumbrar as preocupações temáticas de sua obra como parte de um projeto capaz de gerar afetos. Nossa hipótese é a de que seu estilo “excessivo” tem como efeito, ao menos em parte de sua obra, a criação de um espectador tão exaurido quanto os personagens que o diretor põe em cena – um estilo, portanto, que não só reflete, como parece levar às últimas consequências as preocupações com o corpo e a sensorialidade imperativas dentro de um modelo capitalista de consumo. Como primeiro passo, esta proposta de trabalho tem como preocupação um levantamento bibliográfico acerca do recente O Lobo de Wall Street. A obra polêmica suscitou discussões acaloradas sobre seu suposto caráter “excessivo”: Hayes (2023) e Cruz (2013) debatem sobre possíveis méritos e deméritos dessa abordagem, por exemplo. Um olhar mais apurado mostra que esse rótulo, a despeito de filmes mais “contidos” como Silêncio (2016), aparece com certa frequência ao longo da carreira do cineasta – Araújo (2019) também é um dos que aludem ao termo na imprensa brasileira, por exemplo. Scorsese é um artista que frequentemente enfoca personagens operando dentro de intensidades limítrofes. A relação entre essas experiências limítrofes e o estilo de vida capitalista fica bastante clara principalmente (mas não apenas) em seus filmes de gângsteres – personagens que, afinal de contas, não deixam de ser empreendedores autônomos, operando em um mercado onde se lida com a concorrência matando ou morrendo. Para dar conta dessa preocupação temática, Scorsese lança mão de uma série de artifícios formais que tensionam a narrativa, articulam choques e engajam nosso aparato sensorial (para ficarmos com um exemplo de O Lobo: quando a imagem não-diegética de um raio cortando o céu aparece intercalada a uma festa regada a drogas). Assim, esse “excesso” aparece tanto tematicamente, como formalmente. Faça-se notar, ainda, que excesso, afeto e atração são termos que, embora guardem diferenças, partem de uma mesma gama de preocupações sobre a espectatorialidade. Todos esses termos, portanto, embora apresentem diferentes áreas de enfoque, estão intimamente correlacionados. Mesmo com toda a envergadura de Scorsese no panteão da sétima arte, poucos são os estudos significativos sobre o cineasta. E sobre O Lobo, especificamente? Levantamentos iniciais mostram trabalhos em Linguística – Bram e Putra (2019) e Dewi e Suastra (2018) – e em consonância com a filosofia hedonista de Weijers – Ridho e Ningsih (2022). Nosso intuito, então, é o seguinte: refletir as discussões travadas na imprensa sobre o viés excessivo do filme, e como esse viés é compreendido nesses casos; e empreender um levantamento bibliográfico dos modos como o filme tem sido abordado na academia: o excesso também aparece? Como? Perguntas que nortearão nossa pesquisa maior, sem dúvidas. |
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Bibliografia | ARAÚJO, Inácio. Crítica de O Irlandês. Folha de São Paulo, São Paulo, 13 de novembro de 2019. Disponível em: . Acesso em: 03 de março de 2022. |