ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Cinemas transnacionais e periféricos - quatro filmes em questão |
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Autor | Ivonete Pinto |
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Resumo Expandido | Esta comunicação objetiva apresentar e problematizar conceitos em torno de nomenclaturas como cinemas periféricos, world cinema e transnational cinema. Partimos do entendimento preliminar de que estamos tratando de uma circunstância geográfica, que localiza este cinema fora dos grandes centros produtores, e também de que estamos lidando com estilos e narrativas que tornam as definições mais complexas. Esta compreensão, de caráter assumidamente expandido, foi desenvolvida no livro “Cinemas Periféricos – estéticos e contextos não hegemônicos” (Pinto, 2021) e, como um work in progress, a ideia é atualizar e percorrer outros caminhos com base em outra publicação, “World Literature, Transnational Cinema e Global Media” (Robert Stam, 2019). Em diálogo com este estudo, pretende-se cruzar hipóteses envolvendo dois eixos principais: a questão narrativa e de estilo e a questão contextual (geopolítica e cultural) em que se apresentam certas cinematografias. Como estudo de caso, propomos analisar quatro produções que trazem um agenciamento com o sentido de periférico: Fronteiras (Apolline Traoré, Burkina Faso, etc, 2017), Luna Papa (Bakhtyar Khudojnazarov, Uzbequistão, etc., 1999), Janeiro Sangrento (Vahid Mustafayev, Azerbaijão, 2014) e Terceira Guerra Mundial (Houman Seyyedi, Irã, 2022). Quatro ficções que apresentam características transnacionais, mas cujos pontos de inflexão são passíveis de questionamentos sobre o quanto são periféricas e de que modo o são. Nestes filmes, podem ser observadas diferenças e até mesmo paradoxos. Por um lado, são narrativas clássicas hollywoodianas nos termos de Bordwell (2005); por outro, são filmes que ao serem exibidos em festivais cujos perfis valorizam a forma, são vistos como periféricos em razão de sua origem. Existiria uma narrativa periférica? Há traços comuns de estilo entre produções world cinema? A origem e a circulação são periféricas, mas a narrativa pode ser hollywoodiana? Desde que o conteúdo exótico fique garantido através dos cenários de culturas distantes, a maneira como as histórias são contadas poderia ser a clássica hollywoodiana aristotélica, numa espécie de contradição curatorial? A circulação é condição para considerarmos um filme periférico? Ao lado destas questões, cabe levar em conta também o estudo de Iordanova (2010), que apontou o declínio da produção de Hollywood desde 2007. Outro aspecto que julgamos oportuno incluir nesta comunicação é a noção de “transnationality” defendida por Stam (2019). Os quatro filmes definidos nesta delimitação têm em comum uma multiplicidade de países envolvidos. Em “Luna Papa”, por exemplo, são oito os países que compõem a coprodução, que tem um diretor do Tajiquistão à frente. O que nos faz pensar na afirmação de Stam: “The cultural borders between national zones have always been porous, confounding ‘inside’ and ‘outside’” (Stam, idem, p. 130). A quantidade de países/nações abrangidos em coproduções está cada vez mais complexa. Investigar os componentes culturais nos filmes, a partir das noções de periferia e transnacionalidade, torna este campo de estudo um desafio permanente. |
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Bibliografia | ANDREW, Dudley. “Um americano em Paris, com a cabeça na Ásia”, in: Teorema. Porto Alegre: Teorema Crítica de Cinema, dezembro, 2012. |