ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Nas trilhas delas: compositoras para o cinema no Brasil e no mundo. |
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Autor | Suzana Reck Miranda |
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Coautor | GEÓRGIA CYNARA COELHO DE SOUZA |
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Resumo Expandido | Embora tenha havido um aumento expressivo de pesquisas que apontam a desigualdade de gênero na realização cinematográfica, ainda são raros, no Brasil e no mundo, os estudos sobre a presença de compositoras de trilha musical original para filmes. No entanto, algumas pesquisas têm demonstrado as consequências de uma lógica patriarcal na invisibilidade da carreira das compositoras de música para cinema, apontando caminhos possíveis para combater a baixa representatividade, sobretudo através da valorização do trabalho dessas mulheres no cinema mundial ao longo da História. O estudo da espanhola Olarte Martínez (2009) estima a presença de 58 compositoras de música de cinema e televisão de maior reconhecimento mundial (registradas e remuneradas por direitos autorais): 22 europeias (8 britânicas, 2 espanholas, 2 gregas, 2 alemãs, 3 francesas, 1 norueguesa, 1 sueca, 1 tcheca), 24 norte-americanas, 8 japonesas (que têm se destacado na indústria de games) e 4 australianas. Dentre as compositoras mais experientes está Delia Derbyshire (1937-2001), pioneira da música eletrônica britânica, além da estadunidense Shirley Walter (1945-2006), autora da trilha de Batman - A Máscara do Fantasma (1993), e da compositora pioneira na música para cinema no mundo, Germaine Tailleferre (1892-1983). Estas e outras mulheres estão no levantamento mundial realizado pela autora, demonstrando a presença de compositoras em trilhas cinematográficas em todas as décadas da História do cinema, com maior recorrência a partir da década de 1950. A pesquisa Australian Women Screen Composers: Career Barriers and Pathways, desenvolvida por Catherine Strong e Fabian Cannizzo (2017), evidencia a desigualdade de oportunidades entre compositoras e compositores como consequência de um fenômeno social mais amplo. Diante da maioria esmagadora de trilhas compostas por homens, as mulheres australianas se sentem obrigadas a buscar mais qualificação, e suas carreiras tendem a ser comprometidas a partir da escolha pela maternidade. Elas têm menos oportunidades de criar o tipo de música que gostariam e de serem reconhecidas e/ou premiadas pelo seu trabalho. Strong e Cannizzo acreditam que o combate ao cenário desigual demanda medidas como: envolver os homens em iniciativas de equidade de gênero, convidando-os a examinar como suas crenças e práticas podem impactar negativamente suas colegas mulheres; criar networking e oportunidades de parceria para a organização e ampliação das redes de profissionais emergentes e veteranas; traçar estratégias para aumentar a autoconfiança e a visibilidade das compositoras; ampliar/aprofundar as pesquisas sobre mulheres e produção musical, entre outras. Nesta comunicação, apresentaremos resultados parciais sobre o cenário brasileiro em relação à autoria de trilhas musicais cinematográficas. Além de amplo levantamento, nossa investigação objetiva valorizar e dar visibilidade às compositoras que, num meio tão dominado por homens, enfrentam dificuldades em dar continuidade às suas carreiras. Desta forma, esperamos produzir dados que subsidiem reflexões futuras e que favoreçam a promoção de políticas de combate à desigualdade. |
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Bibliografia | ALVES, Paula. Cinedemografia, população que filma e população filmada: hierarquias de gênero e raciais na produção cinematográfica brasileira contemporânea. 2019. Tese de Doutorado. ENCE/IBGE. Rio de Janeiro. |