ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | OCA-UFF: perspectivas para a divulgação de pesquisas em audiovisual |
|
Autor | India Mara Martins |
|
Resumo Expandido | Apesar do termo “observatório” ter sua origem na astronomia, vinculado ao papel de observações astronômicas e meteorológicas (Trzeciak, 2009), o seu conceito se tornou muito mais amplo nas últimas décadas. Husillos (2006 in SOARES, et al. 2018, p.88) define que o vocábulo é fiel à etimologia latina “observare” e, por isso, pode ser definida como “iniciativa que se dedica a estudar com atenção uma temática e acompanhar os fenômenos relacionados”. Por sua vez, tal definição ampla também traz fragilidade ao conceito de observatório, que acaba-se tornando um termo guarda-chuva para uma grande variedade de instituições de características bastante diferentes (Albornoz e Herschemann, 2006). Por exemplo, na UFF encontramos o observatório Multidimensional de Nutrição Exclusiva, Observatório de Turismo, Observatório de Direitos Humanos Sul Fluminense(ODH-SULFLU), Observatório da Laicidade na Educação, Observatório Nacional de Saúde Mental, Justiça e Direitos Humanos – ONSMJDH / UFF, Observatório Oceanográfico, Observatório das Métropoles (Campos-RJ) e o Observatório Covid, que teve papel fundamental durante a Pandemia. Soares, Ferneda e Prado apontam para o estabelecimento de observatórios locais na Europa nas décadas de 1970 e 1980, ainda como iniciativas de governos municipais e regionais, e que se propagaram a partir dos anos 1990 passando cada vez mais a fazer análise e interpretação de dados para a proposição de políticas públicas (2018, p.91). Posteriormente, o conceito passou a incorporar outros atores e possibilidades de organização, porém sempre sendo compreendidos como ferramentas de governança e/ou manutenção da democracia. É diante da intensificação dos efeitos dessa conjuntura de redes que se estabelece o momento contemporâneo. Diante do excesso de informação presente nas redes sociais, suscita-se agora uma nova perspectiva do termo “observar” – no caso, o foco da observação, ou seja, saber o que observar. De tal maneira, os observatórios passaram a ter também a importância de reunir e organizar informações. Damas e Christofoletti falam ainda de seu papel de “alfabetização midiática” do público, no que se refere a chamar a atenção da sociedade civil para uma leitura menos ingênua e passiva dos meios (2006, p.2). Quanto a isso, é importante ressaltar que não se trata de uma perspectiva compassiva, onde o público fosse tratado como simples massa ao qual os observatórios “precisam letrar”. Pelo contrário, é importante posicionar os observatórios como agentes nascidos e mantidos pela própria sociedade civil, como instrumentos de contestação, fiscalização e contra argumentação da mídia hegemônica e do poder público. É nessa perspectiva que se faz importante ressaltar o aspecto democrático e de soberania vinculados aos observatórios. É nesse cenário que se estabelece o Observatório de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal Fluminense, o OCA-UFF, construído como uma resposta aos questionamentos do papel social das universidades por uma parcela da população, da necessidade de intensificar suas ações em rede diante dos desafios colocados pela pandemia, e do reconhecimento da importância de democratizar o conteúdo produzido na academia. O OCA-UFF foi criado para ser uma plataforma de conteúdo informativo/analítico/reflexivo sobre o universo do audiovisual, com o objetivo de divulgar temas relacionados à área e atender à comunidade interna e externa à universidade. A plataforma está sendo desenvolvida pela Araci Incubadora de Cinema e Audiovisual em parceria com a Superintendência de Tecnologia e Informação da UFF - STI e o PPGCINE. A proposta é trazer questões que dialogam com as pesquisas do Programa de Pós-Graduação de Cinema e Audiovisual. Diferente de outros observatórios, sua composição é inteiramente formada pela comunidade acadêmica, mas com abertura para participação pontual de outros sujeitos como produtores audiovisuais, diretores, agentes do mercado, na busca por uma visão mais plural desse campo. |
|
Bibliografia | HUSILLOS, Jesús. Círculo para la calidad de los servicios públicos de l’Hospitalet // Anais do IV Seminario Inmigración y Europa da Fundación CIDOB, Barcelona, 2006. |