ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Virginia Flores: sensibilidade e sensorialidade da montagem sonora |
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Autor | Elianne Ivo Barroso |
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Resumo Expandido | Virgínia Flores é atualmente professora da UNILA. Ela está em vias de publicar seu segundo livro sobre o som no cinema, tendo a obra de Alberto Cavalcanti como tema principal e discutindo como o trabalho do diretor brasileiro sedimentou as bases do que mais tarde ficaria conhecido como sound design. Flores iniciou sua carreira no cinema como continuísta e assistente de montagem em 1974. Trabalhou com diversos realizadores e destaca-se sua parceria com Júlio Bressane e Antônio Calmon. O primeiro longa-metragem que assinou a montagem foi Pequeno Dicionário Amoroso (1988) de Sandra Werneck. O filme lhe rendeu o prêmio de melhor montagem no Festival de Brasília. No final da década de 1980, aprimorou seus conhecimentos em edição de som no National Film Board of Canada e prosseguiu a carreira dando preferência para os trabalhos de montagem sonora de muitos filmes. Sua dissertação e tese também versaram sobre o som no cinema. Assinou a direção do curta-metragem Na Trilha do Bonde (2009).
A presente comunicação busca então refletir sobre o trabalho prático de edição de som realizado por Flores e entender como o arranjo som e imagem pode influenciar na relação entre visão e audição (CHION, 2013). A ideia é partir dos filmes Miramar (1996) de Júlio Bressane, Nome Próprio (2008) de Murilo Salles e A alegria (2010) de Felipe Bragança e Marina Meliande identificando momentos de impacto sensível e sensorial provocados pela junção do som com a imagem. Em comum, os três filmes falam da juventude. O filme de Bressane é um romance de formação marcado pela tragicidade (suicídio dos pais do protagonista) e ambientado no Rio de Janeiro com belas imagens do mar. Há um inquietante descompasso entre as imagens e a banda sonora sobre o qual este estudo pretende se debruçar. Já Nome Próprio retrata o cotidiano de uma jovem isolada na sua determinação de escrever compulsivamente para um blog. A fotografia digital traz os contrastes entre as locações externas e o apartamento da protagonista. A perspectiva é entender se o som corrobora para esta distinção atmosférica. A Alegria se passa na baixada fluminense onde dois rapazes fantasiados de bate-bola são baleados. Um deles insiste em)aparecer para sua prima dando ao filme ares de fábula. A investigação aqui é saber se o som contribui para a estranheza narrativa. A análise fílmica pretende assim reconhecer gestos de montagem que configurem em um estilo Flores de costurar ou melhor de alinhavar os fragmentos sonoros às imagens provocando inquietações no espectador a ponto de convidá-lo a refletir sobre as motivações das conexões. Amiel (2010), ao descrever a “montagem de correspondências”, explica que é uma modalidade que estimula a percepção do espectador. A forma e o estilo contam mais do que o conteúdo, procura-se enfatizar mais a sensibilidade do que a subjetividade porém sem se descuidar da continuidade ou menosprezar a capacidade associativa do espectador. Por fim, outro conceito importante que se quer investigar é sobre a sensorialidade despertada pela operação som-imagem. Para Marks (2000), é a capacidade do cinema de transmitir sensações, emoções e afetos. É uma dimensão complexa e múltipla da experiência estética, que envolve não apenas a visão e a audição, mas o corpo, a memória e a imaginação solicitando a participação ativa do espectador na construção do sentido da obra de arte. |
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Bibliografia | AMIEL, V. A estética da montagem. Lisboa: Texto&Grafia, 2010.
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