ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Corpo expandido: uma experiência imersiva de dança em 360º |
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Autor | João Cláudio Simões de Oliveira (JC Oliveira) |
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Resumo Expandido | Desde o princípio do cinema, sempre existiram experiências de dança pensadas para captação através de aparato cinematográfico ou, posteriormente, videofonográfico. Podemos citar os trabalhos da dançarina Annabelle Moore, em parceria com William Dickson e Thomas Edison, no final do século XIX, ou os estudos de Maya Deren, já em meados do século XX, além da popularidade de filmes do gênero musical em Hollywood, ou os videoclipes de bandas e cantores da música pop e, claro, os experimentos de artistas da dança com vídeo, sobretudo a partir da década de 1970. Em todos os casos, como afirma Erin Brannigan (2011, p. 03), “a natureza da performance da dança foi irrevogavelmente alterada pelo cinema”. Em paralelo à relação entre cinema e dança, podemos dizer que o cinema, ou o audiovisual, como um todo, sempre procurou criar experiências e contar histórias que envolvessem o espectador, com o apoio de diferentes tecnologias de captação e projeção de imagens e sons. Uma dessas tecnologias, da realidade virtual e do vídeo 360º, passou por um ressurgimento recentemente. Apesar de realidade virtual remeter ao início dos anos de 1990, segundo Christiane Paul (2003, p. 125), que afirma que originalmente o termo virtual reality, ou simplesmente VR, fora cunhado por Jaron Lanier, o interesse de gigantes da tecnologia como Google e Facebook (hoje Meta), principalmente a partir de 2014, com o barateamento dos meios de produção e fruição, trouxe uma nova leva de trabalhos pensados para essa tecnologia. Cesar Baio (2015, p. 75-76), inclusive, afirma que o cinema, desde sempre, almejou o “sonho de imersão total” e que trabalhos em realidade virtual “levam adiante a ideia de aprimorar um regime de sentido fundado na absorção do sujeito no universo interno da imagem”. Desde 2019 tenho estudado e trabalhado com 360º e realidade virtual, dentro da minha pesquisa mais ampla sobre telas no audiovisual e suas diferentes potências. Juntei à pesquisa meu interesse sobre dança e, junto com a também diretora, coreógrafa e dançarina Alice Poppe, criamos juntos uma experiência chamada “200”, que une esses dois campos. O projeto foi todo pensado no sentindo de construir uma narrativa atráves da dança voltada para um ambiente imersivo ou, como gosto de dizer, para uma tela sem bordas. A obra se utiliza da divisão em três fatias do campo esférico (ou, mais precisamente, equirretangular) do 360º para criar uma dramaturgia que une uma mesma personsagem-dançarina, interpretando a si mesmo em diferentes momentos da vida, utilizando referências diversas, como a dançarina Doris Humphrey, e seu trabalho de queda e recuperação, e o filósofo Jacques Derrida (2012) e seu conceito de rastros. |
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Bibliografia | BAIO, Cesar. Máquinas de Imagem: Arte, Tecnologia e Pós-Virtualidade. São Paulo: Annablume, 2015. |