ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | A espiral do tempo em O Século das Luzes de Humberto Solás |
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Autor | Marco Túlio de Sousa Ulhôa |
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Resumo Expandido | Originalmente realizada como uma série para a televisão francesa, O Século das Luzes, dirigida pelo cineasta cubano Humberto Solás, ganhou uma versão cinematográfica em 1992, a partir da qual foi mundialmente conhecida. Produzido pelo ICAIC, como uma coprodução entre Cuba, França, Rússia e Espanha, o filme é uma adaptação do romance homônimo do escritor cubano Alejo Carpentier, publicado em 1962. Logo, a história ambientada no período da Revolução Francesa, entre os séculos XVIII e XIX, que narra o encontro dos irmãos Carlos e Sofía, juntamente ao primo Esteban, com o viajante e político francês Victor Hugues, revela não só como o filme de Solás reconstrói minuciosamente todo o contexto elaborado pela escrita de Carpentier, mas como os processos históricos e os fatos simbólicos de uma narrativa simultaneamente linear e circular, entram em composição no desenvolvimento de um enredo cuja temporalidade e a historicidade se articulam de forma espiralar. Diante dos aspectos diegéticos que interrelacionam o filme de Humberto Solás e o livro de Alejo Carpentier, conforma-se então uma compreensão metafórica e enigmática da narrativa que, por sua vez, a relaciona com os elementos da estética barroca frequentemente associada à literatura de Carpentier e visivelmente presente nos recursos pictóricos das imagens do filme de Solás. Por outro lado, a liberdade filosófica e os avanços sociais e científicos historicamente associados às transformações decorrentes da Revolução Francesa e do pensamento iluminista, são amplamente questionados pelas narrativas em questão tanto do ponto de vista simbólico quanto histórico, na medida em que a concepção barroca das obras e a interpretação de seus contrapontos temporais servem como emblemas das ambivalências que marcaram a ruptura com o antigo regime e a subsequente degeneração dos ideais revolucionários. Neste contexto, a América Latina é centro de uma narrativa que coloca em evidência a influência da revolução nas diferentes lutas de independência emergentes em todo continente, sem deixar de destacar que nas origens da modernidade latino-americana, nunca houve um processo verdadeiramente engajado em substituir a “velha ordem”, ao produzir ditaduras despóticas e preservar a escravidão. |
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Bibliografia | CARPENTIER, Alejo. El cine, décima musa. México, D.F.: Editorial Lectorum, 2013. |