ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Os Gestos de Montagem em Obras Audiovisuais de Realidade Virtual |
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Autor | Caio Victor da Silva Brito |
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Resumo Expandido | Partindo da constatação de que, ao experienciarmos obras audiovisuais em realidade virtual (VR), a interatividade do olhar do espectador em torno do plano 360° é a grande responsável pelos recortes da cena esférica, logo conclui-se que cada espectador pode vivenciar a obra de uma maneira particular de acordo com a sua percepção, com o seu interesse e a com a sua curiosidade, atribuindo à montagem um papel crucial para a sua experiência. A presente proposta ao XXVI Encontro SOCINE dá continuidade ao que apresentamos no ano anterior "Poéticas da montagem entre 360°, realidade virtual e live performances", e parte de minha dissertação no PPGARTES/UFC, "Arte da montagem espacial em obras de realidade virtual". A partir dessa pesquisa, dedicamo-nos a analisar descritivamente a construção dos gestos de montagem (SZAFIR,2015) em 360° em obras contemporâneas de VR imersivo e interativo (TORI; HOUNSELL, 2020). Para tanto, são explorados os fundamentos teóricos e práticos que regem a criação artística para VR, tornando-se fundamental refletir sobre como a montagem espacial (MANOVICH,2001) e a composição dos planos em 360° são elaboradas segundo essas lógicas de criação ao VR. Dessa forma, apresentaremos em nossa fala as análises descritivas e as decupagens de montagem das obras de artistas como Anderson e Huang (2017), Colinart (2016), Kranot (2021), Vautier (2017) e Zandrowicz (2016-2022), dentre outros. Como metodologia, adotamos os diagramas de visualização (SZAFIR,2016;MANOVICH,2020) utilizados por Manovich em "Visualizing Vertov" (2020). A partir dessas análises, é possível compreendermos as distintas poéticas e estéticas que regem a produção audiovisual contemporânea para VR, situadas na segunda onda de abordagens artísticas à mídia VR (DOYLE,2021). Também nos debruçamos nos estudos sobre a arqueologia das mídias imersivas (ELSAESSER,2014) para compreendermos como a história da realidade virtual se relaciona com a história da linguagem cinematográfica. Assim, é possível entendermos como a montagem espacial e a composição dos planos em 360° se relacionam com as técnicas e se distanciam das convenções gramaticais do cinema tradicional. Isso implica em uma reflexão sobre como o cinema e as outras mídias audiovisuais se transformam a partir do desenvolvimento e da consolidação do VR como uma nova linguagem partindo de diferentes autores que contribuem para a compreensão dos gestos de montagem em 360°. Entre eles, destacam-se Murray (1997), Grau (2003), Brillhart (2015), Mateer (2017), Tricard (2018), Doyle (2021), dentre outros. Por não acreditarmos haver tal separação teórica/prática tratando-se de pesquisas transdisciplinares em montagem, junto ao grupo Intervalos e Ritmos (#ir!/Projet'ares Audiovisuais/PPGARTES/UFC) houve o desenvolvimento de experimentações em análises estéticas e poéticas de criação imersiva. Observou-se, a partir delas, que a construção da montagem em 360° é influenciada por conceitos do design em movimento - motion graphics (SZAFIR, 2016) -, bem como pela provocação de "quando o cinema se torna Design” (MANOVICH, 2013). Esse diálogo com outras áreas do conhecimento contribui para a expansão das possibilidades criativas na elaboração da montagem em obras para VR. Com base nesses estudos teóricos e práticos, desenvolvemos e compartilhamos de uma abordagem crítica acerca da montagem em 360°, contribuindo para a reflexão e o aprofundamento dos estudos acerca da montagem em obras de realidade virtual ao identificar as suas particularidades, os seus desafios em relação às lógicas de edição já consolidadas e amplamente debatidas no âmbito do cinema tradicional (EISENSTEIN, 2016), e ao oferecer subsídios para a criação de obras VR imersivas que explorem de maneira criativa a composição esférica (MERINO, 2019), enriquecendo o panorama audiovisual contemporâneo. |
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Bibliografia | BRITO.Poéticas da montagem entre 360°.SOCINE, 2022.https://shre.ink/QrS9 |