ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Olhar gauche sobre a história: Silvio Tendler e a Ditadura Militar |
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Autor | Flávia Seligman |
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Resumo Expandido | Silvio Tendler nasceu em 1950, no Rio de Janeiro. Ele conta que no dia do Golpe Militar, em 1964, estava no cinema e quando saiu, no meio da agitação das ruas de Copacabana, conseguiu observar o sentimento dos porteiros dos prédios de luxo, ouvindo por um radinho as notícias da deposição e Jango e a chegada do novo governo. Ao contrário deles, a burguesia carioca sentia-se feliz com os novos rumos que o país tomava. Talvez tenha nascido ali, naquele garoto de 14 anos, o contador de histórias que ele veio a se tornar. Tendler começou a fazer cinema nos anos 1970 e nunca mais parou. No auge da repressão foi para o Chile e depois para a França. Estudou na Sorbonne, viajou o mundo em busca de utopias e imagens. Voltou para o Brasil para contar uma história do país vista pelos olhos de um jovem de esquerda, que sabia que o mundo não poderia ser aquele determinado pelo governo militar. Desta forma ele relembrou os presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart para as gerações que conheciam e apresentou para jovens que tinham nascido pouco antes ou pouco depois do Golpe. Este trabalho recorta na filmografia de Tendler os filmes com a temática da Ditadura Militar brasileira, e são muitos. Alguns pontuais, outros mais dispersos, abrindo para um contexto, um entorno do Golpe e suas consequências. Nos filmes pontuais como Jango e Mariguella, Silvio mergulha no íntimo dos protagonistas e se cerca de depoimentos que referendam e contradizem suas teorias (como por exemplo o depoimento do General Muricy, em Jango, que avalia como benéfico o Golpe Militar). Nas obras mais abertas, que trabalham com uma classe, como os advogados, os próprios militares e os militantes estudantis, o contar da história passa para um grupo que traduz dramas e inquietações de uma geração marcada por acontecimentos contundentes. Sobre o Golpe de 1964 em si, trabalhamos com Élio Gaspari, autor do conjunto de livros denominado As ilusões Armadas, sobre todos os períodos e seus presidentes. Ainda sobre o Golpe buscamos a produção do historiador Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, especialista em história do Brasil República, com ênfase em temas como a Ditadura Militar Brasileira e as ditaduras latino-americanas. Também utilizamos o livro Os Militares no Poder, do jornalista Carlos Castelo Branco, publicação abrangente de todo o período militar. Sobre as teorias que interrelacionam os estudos de história e os estudos de cinema utilizamos os textos de Mark Ferro, Cinema e História e também nos apoiaremos nas publicações de Eduardo Morettin e Leif Furhammar e Folke Isaksson. Também utilizamos relatos de autores que viveram o período militar, como o jornalista Flávio Tavares, que escreveu, entre outros, o livro 1964 – O Golpe, sobre a participação dos Estados Unidos na concepção e gerenciamento dos acontecimentos no Brasil e Memórias do Esquecimento, sobre a própria experiência de Tavares, ex guerrilheiro que foi preso, torturado e exilado no México. Flávio estava entre os presos políticos que foram trocados pelo embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, sequestrado pelo MR-8 em 1969. O trabalho também conta, claro, com toda a filmografia do cineasta Silvio Tendler sobre o Golpe Militar, porém focada nos filmes Jango, 1984, Marighella - Retrato Falado do Guerrilheiro, 2001, Sonhos Interrompidos, 2017, Ibiúna, Primavera Brasileira, 2019, Memória do Movimento Estudantil, 2007, Nas Asas da Pan Am, 2022, e as séries Advogados contra a ditadura, 2014 e Militares da democracia, 2014. Tendler , além de amigo pessoal da autora, também é diretor do filme Anotações para uma história: Leonel de Moura Brizola, no qual a autora trabalhou como produtora local para o RS, que está em fase de finalização. Escrever sobre este cineasta além de uma busca instigante é também uma grande responsabilidade pela admiração, proximidade e amizade que os une. |
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Bibliografia | 1. BRASIL, Marcia Paterman. História e utopia: o documentário de Silvio Tendler. Dissertação (mestrado em Comunicação), Orientador: Miguel Serpa Pereira – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008 |