ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Panorama histórico dos 50 anos da animação em Pernambuco |
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Autor | Marcos Buccini Pio Ribeiro |
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Resumo Expandido | Em 1972, Lula Gonzaga produz o primeiro filme animado de Pernambuco, Vendo/Ouvindo. A obra fez parte do Ciclo do Super-8 do Recife, que durante uma década produziu as primeiras 13 animações do estado. Estas obras tinham em comum o caráter experimental e despretensioso. Lula foi o único dos realizadores que continuou na animação. Em 1979, realiza em 35 mm A Saga da Asa Branca, que por muito tempo foi considerada uma das principais animações nordestinas. Em 1980, lança seu último filme autoral, Cotidiano (1980). Depois, dedica-se a um projeto de oficinas itinerantes de animação artesanal. Durante as décadas de 1980 e 1990, a produção animada de Pernambuco vive um hiato ocasionado por uma questão tecnológica. Como o vídeo analógico, que substitui o Super-8, não permitia a captura quadro-a-quadro, o ato de animar tornava-se muito difícil. Porém, foi nessa época que a artista plástica Patrícia Alves Dias vai para o Rio de Janeiro participar de um curso promovido pelo Centro Técnico Audiovisual em parceria com National Film Board do Canada. Lá realiza Presepe (1986), a primeira animação dirigida por uma pernambucana. Patrícia ainda lança um stop motion, O Pavão Misterioso (1988), em parceria com uma produtora de Olinda, mas continuou sua carreira no Rio de Janeiro. Na década de 1990, uma oficina de Lula Gonzaga, realizada com o patrocínio da UNICEF, deu origem a primeira geração de animadores do estado. Muito se deve a popularização dos computadores. Visto que vários alunos já tinham algum conhecimento de softwares de animação, Lula deu a eles a parte teórica e o incentivo para produzir seus filmes. Outro fator fundamental foi a demanda por animadores em empresas que trabalhavam com multimídia. No início dos anos 2000, os ex-alunos de Lula criaram a primeira produtora de animação do estado, a Quadro a Quadro. A tecnologia digital também fez surgir uma leva de animadores autodidatas, que começaram a produzir de forma amadora alguns curtas-metragens. A produção, que antes era esporádica, começa a ficar regular depois de 2004. Em 2005, acontece um boom e 14 animações são produzidas. Desde então, Pernambuco mantem uma média de 20 filmes por ano. Ainda em 2005, a Faculdade AESO criou um Núcleo de Animação. Em um cenário no qual ainda não se tinha uma presença forte do estado, a AESO montou um estúdio com estrutura e mão de obra. A consequência foi a produção de filmes com uma qualidade muito alta que colocou Pernambuco nos principais festivais do país. Em 2008, a AESO lança um bacharelado em Animação, responsável pelo surgimento de uma nova geração de animadores. Agora, com uma formação mais profissional e uma visão de mercado. O surgimento de um mercado de trabalho foi facilitado pelo edital estadual do Funcultura. A primeira animação produzida com este recurso foi Até o Sol Raiá (2007). Nos anos seguintes, 24 filmes foram realizados com o financiamento do edital. Com a Lei da TV paga e com editais estaduais e nacionais, na década de 2010, surgem diversas produtoras com foco na produção de séries. A maior delas é a Viu Cine, que conta com um número grande de animadores e produtos. Porém, o principal caso de sucesso foi o Mundo Bita, produzida pela Mr. Plot. A animação pernambucana conseguiu romper as barreiras de uma produção periférica. Ela começou experimental em um suporte amador, cresceu, amadureceu, passou por dificuldades, fortaleceu-se e estruturou-se em uma base sólida. Em 2022, a animação pernambucana completa meio século de existência com mais de 350 curtas produzidos, 14 séries para TV e pelo menos 5 produtoras em atividade. No mesmo ano, a Viu Cine lançou o primeiro longa do estado, Além da Lenda. Mais três longas já estão em diferentes estágios de produção. Por fim, destaco que em 2023, 51 anos depois de dar início à animação do estado, Lula Gonzaga, em parceria com seu filho Tiago Delácio, lançou Ciranda Feiticeira, seu mais novo filme. Podemos então dizer que o futuro da animação pernambucana está só começando. |
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Bibliografia | AQUINO, Amanda. Produção de séries de animação 2D em Pernambuco: um estudo de caso da Viu Cine. Dissertação (Mestrado em Design) – Centro de Artes e Comunicação, Universidade Federal de Pernambuco. Pernambuco, 2019. |