ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | O espectador-repertorial e seus diálogos intertextuais/tecnológicos |
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Autor | Denize Correa Araujo |
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Resumo Expandido | O presente estudo é parte de meu projeto sobre a inclusão de análise técnica acoplada à análise acadêmica, no sentido de criar um diálogo entre teoria e prática. Meu projeto inclui produções com tecnologias de inovação, como RV, RA, IA, metaverso e outras, que ocasionaram uma mudança na trilogia “criador-produto-espectador”, referenciada por autores pesquisadores como Lev Manovich (2001), que denominou o período de “estética pós-mídia”, Peter Weibel (2012), que definiu as mudanças em seu relevante texto “the post medium condition”, e Victor Flores (2017), que citou a “condição pós-ecrã”. As mudanças ocasionadas pelas tecnologias digitais proporcionaram novas possibilidades aos espectadores, que passaram a ter um papel mais ativo em suas experiências com produções inovadoras. Em décadas anteriores, foram cunhados alguns conceitos sobre o espectador, considerando a mudança de status do mero espectador ao espectador participante. Janet Murray (2003) sugeriu o “espectador-interator”, Jean-Claude Bernardet, em sua resenha de 1999 sobre o filme de Marcelo Masagão Nós que aqui estamos por vós esperamos, classificou o espectador como “montador”. Denis Renó (2007) em suas análises designou o espectador de “usuário”. Jacques Rancière (2009) cunhou o conceito de “espectador emancipado”. Philippe Dubois (2014) considerou o espectador como “coautor”. Expandindo minha pesquisa sobre a atuação da intertextualidade, que defini como “estética da hipervenção”, sendo “hiper” como o conceito de “hiperrealidade” de Baudrillard e “venção” como “invenção” e “intervenção”, adotei o conceito de “espectador-repertorial”, considerando que intertextos devem ser compreendidos no âmbito de alcance do repertório do espectador. O filme Jogador Número 1 (Ready Player One, Steven Spielberg, 2017) trabalha com muitos intertextos, citações e alusões a outros audiovisuais e a outras formas de cultura visual . O conhecimento do espectador é fundamental para a apreensão da polissemia do filme, com suas inúmeras citações e suas canções que fazem parte de uma trilha sonora importante para a decodificação geral. Segue uma citação da Wikipedia sobre o filme em questão: “Como no livro, o filme homenageia a cultura popular principalmente das décadas de 1980, 1990, 2000 e 2010. Entre os personagens licenciados do filme estão o personagem titular do O Gigante de Ferro, o RX-78-2 Gundam de Mobile Suit Gundam, vários personagens da DC Comics e da série de filmes O Senhor dos Anéis, Freddy Krueger de A Hora do Pesadelo, Duke Nukem, Tracer de Overwatch, Ryu, Blanka e Chun-Li de Street Fighter, Lara Croft de Tomb Raider e Chucky de Brinquedo Assassino. Uma enorme corrida de carros no jogo inclui veículos como a máquina do tempo de De Volta Para o Futuro (equipada com K.I.T.T. de A Super Máquina), o Mach 5 do Speed Racer, o carro Plymouth Fury '58 possuído de Christine, a van de Esquadrão Classe A, o Ford Falcon modificado usado em Mad Max, o caminhão monstro Bigfoot e a motocicleta de Kaneda de Akira, o Batmóvel da série Batman dos anos 1960. Referências adicionais a RoboCop: O Policial do Futuro, Jurassic Park: Parque dos Dinossauros, King Kong e 2001: Uma Odisseia no Espaço também foram identificadas em materiais promocionais”. As canções mais impactantes para uma melhor compreensão das situações intertextuais que o filme tenta transmitir são as das décadas de 70 e 80: “Stand on it”, de Bruce Springsteen; “Can´t hide my Love”, da banda norte americana Earth, Wind & Fire; “Stayin´Alive”, dos Bee Gees; “Everybody wants to rule the world”, da banda pop inglesa Tears for Fears; “Just my imagination”, do The Temptations; “We´re not gonna take it”, de Twisted Sister e “One way or another”, de Blondie. O espectador sem repertório pode considerar que o filme é estereotipado ou clichê, enquanto que o “espectador-repertorial”, com conhecimento dos intertextos, alusões e citações, poderá refletir sobre o formato multiverso do Jogador Número 1 e suas conotações. |
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Bibliografia | ARAUJO, Denize C. Imagens Revisitadas: ensaios sobre a estética da hipervenção. Porto Alegre: Editora Sulina, 2007. |